Lula anuncia reuniões mensais com líderes para manter coalizão

Em mais um sinal de que pretende comandar pessoalmente uma coalizão ou frente partidária no próximo governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que fará reuniões mensais com os líderes aliados no Congresso.

“O presidente está muito interessado em fazer reuniões mensais com os líderes partidários, para que possamos diminuir a distância entre o Palácio do Planalto e o Congresso”, afirmou o líder do PTB, deputado José Múcio (PE), depois de uma audiência com Lula.


 


A articulação política foi um dos mais graves problemas de Lula no primeiro mandato. Marcada pela compra de apoio de partidos médios (PTB, PL e PP), produziu o escândalo do mensalão, a perda da presidência da Câmara pelo PT em 2005, e três CPIs que encurralaram o governo, especialmente no Senado.


 


“Todo mundo percebe que houve um distanciamento (no primeiro período) e o espírito reinante é de que isso não ocorra mais”, acrescentou Múcio.


 


Lula deu férias ao ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro (PT), e está fazendo ele mesmo as primeiras conversas com dirigentes partidários e governadores. Nesta segunda ele recebeu Roberto Requião (PMDB), reeleito no Paraná.


 


O PMDB que tem as maiores bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado será o mais importante aliado do Planalto. O presidente em exercício do PT, Marco Aurélio Garcia, quer formar uma frente com PMDB e outros partidos.


 


O PTB foi o segundo dos partidos envolvidos com o mensalão a declarar apoio a Lula, depois do PL, que o havia feito no segundo turno. Eles esperam manter os ministérios do Turismo (PTB) e dos Transportes (PL).


 


“Posso dizer que Lula tem o apoio de 95 por cento do PTB”, disse Múcio, apesar da posição contrária do presidente do partido, o ex-deputado Roberto Jefferson, que denunciou o mensalão.


 


O PP tem atualmente o Ministério das Cidades e vai permanecer no governo. Lula se aproximou de líderes importantes do partido, como o senador eleito Francisco Dornelles (RJ) e o ex-governador Esperidião Amin (SC).


 


A montagem da frente política levará em conta a participação no governo e a distribuição de postos de comando no Congresso, disseram fontes do governo.


 


Lula precisa fortalecer a posição do PMDB no Senado (onde PFL, PSDB e PPS somam mais de um terço) e negociar uma solução para a presidência da Câmara, reivindicada por setores do PT e do PMDB.


 


Fonte: Reuters