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Eleição de Campos muda quadro político em Pernambuco, avalia dirigente comunista

Passado o segundo turno das eleições, o presidente do PCdoB de Pernambuco, Alanir Cardoso, analisa o novo cenário que surge a partir da eleição de Eduardo Campos, do PSB, para o governo estadual. Para ele, “a nossa vitória é a vitória dessa nova perspecti

A eleição do socialista Eduardo Campos como o novo governador Pernambuco no dia 29 de outubro mudou o quadro político do Estado. E isso se deve, entre outros fatores, à opção do eleitorado pelo novo projeto de desenvolvimento para Pernambuco representado pela candidatura socialista, que apoiada por uma ampla aliança de partidos do campo progressista, entre eles o PCdoB, derrotou as forças conservadoras que há oito anos governa o estado.



Para o presidente do Comitê Estadual do PCdoB em Pernambuco, Alanir Cardoso, com os resultados dessa eleição se estabelece no estado um novo quadro político, uma nova realidade. “A coligação União por Pernambuco sofreu grande derrota. O PFL, que tinha a maior bancada de deputados federais do estado, nesta eleição só conseguiu eleger três deputados federais, o PMDB outros três, o PSDB dois e o PPS um deputado, sendo o PFL o partido que sofreu a maior perda de mandatos. Enquanto isso, além de eleger o novo governador, o nosso campo de forças elegeu neste ano a maior parte da bancada federal, com 16 deputados, e a maioria na Assembléia Legislativa”, destaca o dirigente comunista.



Ainda segundo Cardoso, criou-se uma nova realidade política em Pernambuco, na qual as forças que durante oito anos fizeram oposição ao ex-governador Jarbas Vasconcelos saem vitoriosas em uma ampla aliança de 18 partidos que se uniram no segundo turno em torno da candidatura de Eduardo Campos. “Uma aliança que sai da eleição como um novo quadro político com a vitória das forças progressistas e a derrota das forças conservadoras”.




Nova geografia política



“A soma dessas vitórias com o resultado da eleição nacional e os resultados que nós vínhamos acumulando nas eleições de 2000 e 2004 alterou a geografia política de Pernambuco de maneira substancial porque as forças do nosso campo, que foram derrotadas em 1998, já tinham se recuperado em grande parte nos centros vitais da vida política do estado”, disse Alanir Cardoso. Na avaliação do dirigente comunista, “já tínhamos ganhado a prefeitura de Olinda, com Luciana Santos e a  prefeitura do Recife, com João Paulo, duas vezes consecutivas, em 2000 e 2004, e isso já era sinal de que coisas novas estavam em curso. Esse resultado eleitoral no estado consagra a grande derrota das forças conservadoras”.



Segundo o presidente estadual do PCdoB, “a derrota fragorosa da União por Pernambuco é a derrota de um projeto político, e a nossa vitória é a vitória dessa nova perspectiva, da esperança, desse projeto mudancista das novas forças que governam o país. Então, esse é o cerne do resultado eleitoral”, afirma Alanir, ressaltando a sintonia desse novo quadro político com a realidade do Brasil de hoje, com o sentimento de mudança que galvaniza a população brasileira em torno do projeto experimentado pelo governo do presidente Lula. 



“Se a gente levar em conta o resultado das eleições regionais, esse novo ambiente amplia-se para todo o Nordeste. A derrota dessas forças conservadoras na Bahia, Sergipe, Ceará, Piauí e no Maranhão criou um ambiente novo na região, um ambiente em sintonia com a realidade do país”, destaca.



Polarização



Outro aspecto importante da eleição deste ano em Pernambuco destacada por Cardoso é a nítida polarização entre as candidaturas de Mendonça Filho, da coligação União por Pernambuco, e as candidaturas das forças progressistas, o que levou o eleitorado a compreender a diferença existente entre os dois projetos políticos.



“A polarização se deu no primeiro momento da campanha entre o governador Mendonça Filho (PFL), e Humberto Costa, que representava uma coligação de forças amplas compostas pelo PT, PCdoB, PTB, PMN e outros partidos. Com as dificuldades enfrentadas pela campanha de Humberto por causa dos ataques que recebeu da União por Pernambuco em função de seu indiciamento pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, no final do primeiro turno a polarização foi se deslocando para a candidatura de Eduardo Campos, da Frente Popular de Pernambuco”, lembra o  dirigente.



Além disso, ressalta Alanir, a população cansou-se do governo de Jarbas Vasconcelos. “Foi um governo, de fato, de poucas realizações e a população enxergou isso. Um projeto de governo que, ao ser confrontado com outro projeto, um projeto de desenvolvimento, novo, em sintonia com o projeto nacional em curso, que é o projeto executado pelo governo de Lula, deixou claro para a população o que cada um representava. Então, evidentemente, nessa polarização cresceu a força do projeto mudancista, mais afinado com o que há no Brasil na atualidade e a população tomou posição”.



Na avaliação do dirigente comunista, entretanto, a eleição de Eduardo Campos não deve ser entendida como uma revanche, uma resposta à derrota sofrida pelo avô de Campos, Miguel Arraes, em 1998, durante a campanha pelo governo do Estado, cujo principal adversário era o ex-governador Jarbas Vasconcelos.



“Os fatores são esses, fatores objetivos, reais da vida cotidiana da população, que não votou buscando o passado e sim porque entendeu que são dois caminhos: o caminho de hoje, que se revelou conservador e limitado, de pouco desenvolvimento, que levou o estado a uma situação limitada, e um projeto novo, inclusive marcado por iniciativas do governo federal de forte impacto na vida de Pernambuco. Projetos como o da refinaria, da Transnordestina, do estaleiro, da Hemobrás, da transposição do Rio São Francisco e da duplicação da BR-101, são vistos pela população com fator de progresso”, afirma Cardoso.



Para ele, a população fez essa leitura, tomou essa posição, e essa é a razão real do resultado eleitoral obtido pelas forças progressistas de Pernambuco. “Acredito que outros fatores, quaisquer que sejam eles, têm um peso muito menor, um peso secundário, até porque o debate que eles tentaram fazer depois de tirar Humberto Costa da disputa foi o debate sobre o governo Arraes, dos resultados do governo Arraes, isso não colou na população, que não quer isso, não está atrás disso, a população está atrás de um projeto de futuro, não de olhar para trás. Portanto, foi a perspectiva do futuro que mobilizou a população e a levou a rejeitar essa experiência de governo que está se vivendo hoje”.


Conciliação



Sobre o alinhamento entre os governos federal, estadual e municipal, que passará a existir no estado a partir de janeiro de 2007, com a posse de Eduardo Campos, Alanir Cardoso destaca que esse é mais um dado novo da realidade política de Pernambuco. “Essa sintonia com o governo federal, com o governo estadual e com os governos das principais cidades é um novo dado importante da realidade política do nosso estado. Esse governo de Jarbas, por exemplo, teve sintonia com o governo de Fernando Henrique durante oito anos. O senador Marcos Maciel (PFL-PE) era o vice-presidente. Só que essas forças não tinham projetos, nem compromisso com o Nordeste, com Pernambuco em particular. Jarbas era aliado de Fernando Henrique e Marco Maciel”, lembrou Cardoso. “E que obras eles trouxeram para o estado, que investimentos eles fizeram? Nada. Enquanto isso, o presidente Lula mesmo com um governo de oposição tem compromissos com o estado e a população e vem desenvolvendo diversos projetos no sentido de fazer com que o Pernambuco cresça. Na hora que você tem um governador do estado em sintonia com esse projeto em curso no país, seguramente isso resultará em grande benefício para a população”, ponderou o dirigente comunista.                



A expectativa de Cardoso é de que Pernambuco passe a viver um novo momento. “Esses projetos estruturadores vão desenvolver a economia do estado, abrir maiores possibilidades de o Nordeste se desenvolver, de Pernambuco recuperar o papel que já desempenhou no passado e poder vivenciar um período de pujança. Nós apostamos nisso, nós acreditamos nisso e nós vamos dar nossa contribuição para que, de fato, isso se concretize”.




Do Recife,
Audicéa Rodrigues