Lula diz que Brasil precisa de uma Operação Mãos Limpas

Em entrevista a jornais europeus, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o país precisa de uma “Operação Mãos Limpas”, em referência ao processo que nos anos 90 debelou um esquema de corrupção que mudou o cenário político italiano. Na entrevista

“Não acredito que a reforma política resolverá tudo. Precisamos do trabalho da Justiça para acabar com a impunidade”, disse o presidente, em trecho destacado pelo La Repubblica.



Lula se disse “orgulhoso” do que chamou de “batalha contra a corrupção” em seu governo. Segundo o presidente, a Polícia Federal realizou 300 operações anticorrupção entre 2003 e 2006, contra 48 nos oito anos anteriores.



Lula qualificou de “golpe duríssimo” o envolvimento de membros do PT em denúncias de corrupção, mas afirmou que o dever do governo é ser “intransigente”. “Todos os que estão envolvidos em acusações de corrupção devem ser processados, nenhum deles terá proteção do meu governo”, declarou.



Ainda assim, Lula defendeu mudanças na legislação para evitar que doações de particulares possam “condicionar a escolha dos parlamentares”.



Fim da hegemonia
Lula defendeu ainda o fim da liderança brasileira no continente latino-americano. “Eliminamos do nosso dicionário o verbete hegemonia. O Brasil não quer liderar nada, quer ser sócio de todos os países e trabalhar em harmonia para que o povo possa ver nosso continente crescer”, disse.



O espanhol El País destacou que Lula quer uma “relação privilegiada com os Estados Unidos”, ainda que a diplomacia brasileira tenha demonstrado afinidades com lideres contrários aos EUA, como o venezuelano Hugo Chávez e o boliviano Evo Morales.



“A relação da Venezuela com os Estados Unidos não é a do Brasil. Cada presidente governa em função da cultura política de seu país. Quando se trata de política externa na América do Sul, pensamos igual, mas quando se trata de relações estratégicas, ele (Chávez) pode pensar uma coisa e eu, outra”, argumentou.



O presidente ainda defendeu a administração do presidente venezuelano. “Chávez é bom para a Venezuela. É o presidente que nos últimos 30 anos mais se preocupou com os pobres, e o mesmo ocorre com Evo Morales”.