Familiares de desaparecidos políticos doam sangue para Banco de DNA
Os familiares de desaparecidos políticos na época da diatura militar vão doar sangue, nesta segunda-feira (6), no Laboratório Genealógica Diagnósticos Moleculares, parceiro da Genomic Engenharia Molecular, no Rio de Janeiro (RJ). As amostras sanguíneas
Publicado 03/11/2006 14:09
As ossadas estão hoje no Instituto Nacional de Criminalística, sob a guarda da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH/PR), e no Instituto Médico Legal de Brasília, sob tutela da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, aguardando identificação.
A coleta será feita no Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), às 14 horas, em ato que contará com a presença do ministro Paulo Vannuchi, da SEDH.
As amostras de sangue colhidas irão integrar o Banco de DNA de Mortos e Desaparecidos Políticos brasileiros, que está sendo constituído pela Comissão de Mortos e Desaparecidos para identificação das ossadas. O laboratório Genomic de São Paulo foi o vencedor da licitação feita SEDH/PR para realização dos exames de DNA.
Familiares de todos os estados brasileiros que queiram doar amostras de sangue podem procurar o laboratório Genomic ou seus parceiros para realização da coleta. No estado do Rio de Janeiro, mais de 30 famílias são esperadas para a coleta das amostras sanguíneas.
Procedimento
Segundo a dra. Denilce Ritsuko Sumita, pesquisadora da Genomic Engenharia Molecular, “o primeiro passo é coletar o sangue dos familiares, em sua maioria já idosos, para que não seja perdida esta informação. Em seguida, serão analisadas as ossadas. Confrontando-se os dados obtidos, é possível estabelecer a identidade de cada ossada”, explica.
Segundo ela ainda, a identificação de ossadas é um trabalho meticuloso e está diretamente relacionado com as condições da amostra. “Nos casos em que esta se encontra muito degradada, ou seja, possua DNA em pouca quantidade e baixa qualidade, pode-se analisar o DNA mitocondrial. Este está presente em maior proporção que o DNA nuclear e possui herança matrilinear”.
A Genomic Engenharia Molecular foi o laboratório responsável pelos laudos que identificaram ossadas de dois presos políticos – Flávio Carvalho Molina e Luís Cunha, o Comandante Crioulo – encontradas em uma vala clandestina do Cemitério Dom Bosco, em Perus, zona oeste de São Paulo, em 1990.
Banco de DNA
A criação do banco de DNA, além de atender à reivindicação dos familiares de mortos e desaparecidos políticos brasileiros, garante também o direito à verdade e à memória. Serão coletadas amostras de sangue de familiares que tenham parentesco próximo e consangüíneo com mortos ou desaparecidos políticos, para que seja formado um banco de perfis genéticos, visando a auxiliar a identificação de restos mortais.
O Banco de DNA para o esclarecimento de casos de vítimas desaparecidas ainda sem solução, a identificação de locais e a busca de corpos são os desafios da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (CMDP). Instituída por lei de 1995, a Comissão cumpriu importante papel, nos últimos 10 anos, na busca de uma solução para os casos de desaparecimentos forçados e de mortes de opositores políticos, assim como a indenização dos familiares por parte do Estado.
Fonte: Ex-Libris Comunicação Integrada