Republicanos perdem apoio da classe média nos EUA

A mídia americana repercute hoje (31/10) as recentes pesquisas de opinião que apontam para uma derrota do partido republicano nas eleições legislativas do próximo 7 de novembro. O site americano Bloomberg, do magnata da mídia Michael Bloomberg, revela que

A classe média americana está descontente com os republicanos, e seu voto, se for de protesto em 7 de novembro, será decisivo para a derrota dos republicanos. Existe forte descontentamento econômico, além de mais americanos ficarem contrários à guerra no Iraque.


 


Na mais recente pesquisa Bloomberg/Los Angeles Times, feita entre os dias 20 e 23 deste mês, com 3.630 eleitores em cinco estados americanos onde ocorrerão eleições no dia 7 de novembro, 48% dos entrevistados, que ganham entre US$ 40 mi e US$ 75 mil ao ano, disseram que a economia piorou sob a administração Bush, enquanto 26% disseram que ela melhorou.


 


Ontem, o exército dos EUA anunciou a morte do 100º soldado no Iraque em outubro, um dos meses mais sangrentos desde a invasão do país árabe, em 2003, e o governo iraquiano afirmou que pedirá uma prorrogação na saída das tropas estrangeiras do país.


 


Até o dia de hoje, 103 americanos perderam a vida no mês de outubro, por outro lado, 1.107 iraquianos foram mortos em conseqüência da ocupação do país. A pesquisa da Bloomberg/Los Angeles mostra que, entre os eleitores, 46% acreditam que os democratas serão mais eficientes em controlar os preços da gasolina, enquanto apenas 19% dizem que os republicanos serão mais capazes.


 


Gastos com saúde e educação amedrontam


 


O ceticismo entre a classe média americana minou a estratégia de Karl Rove, conselheiro político da Casa Branca, que decidiu reforçar o discurso dos ganhos na economia sob Bush, depois que uma série de escândalos atingiram deputados republicanos. Rove chegou a dizer que o crescimento forte da economia iria deixar em segundo plano o desapontamento da população com a ocupação do Iraque.


 


Republicanos que planejavam usar o baixo desemprego, a gasolina barata e o mercado de ações em expansão, como um escudo contra o descontentamento com a guerra no Iraque, estão descobrindo que estes fatores representam pouca proteção. A razão, dizem analistas econômicos, é a diferença entre a expansão econômica dos últimos cinco anos e o orçamento doméstico das famílias, que está cada vez mais pressionado com gastos maiores em planos de saúde, educação e impostos sobre imóveis.


 


''É como se fosse uma maré em alta, os preços também sobem. Os benefícios de uma ‘boa economia’ agora estão concentrados em 20% da população'', diz Edward Tufte, cientista político na Universidade de Yale. Em face a crescentes preocupações sobre a renda, cientistas políticos como Tufte dizem que não será surpresa se o discurso de Bush, que os cortes de US$ 2 trilhões nos impostos reativaram a economia, não convencerem a população, já contrária à ocupação no Iraque.


 


Arrocho salarial


 


Os empregadores americanos estão pagando uma percentagem menor dos seus lucros aos empregados, em forma de salários, que no tempo da Grande Depressão, de acordo com dados do Departamento de Comércio. O salário pago aos trabalhadores caiu para 51% do lucro bruto obtido pelas empresas no 2º trimestre deste ano, abaixo dos 55,5% pagos quando Bush assumiu a presidência, no início de 2001.


 


Ao mesmo tempo, o lucro corporativo atingiu um recorde de US$ 1,6 trilhão no 2º trimestre, ou 13,8% da renda anual do país. Este montante é 9,9% maior que em 2000, de acordo com dados do Federal Reserve, o banco central americano. Durante o mesmo período, o pagamento de benefícios aos trabalhadores caiu para 64,2%, em comparação a 71,7% no ano 2000.