Milhares protestam contra ataque a escola no Paquistão

Milhares de pessoas protestaram nesta terça-feira (31/10) no Paquistão contra o bombardeio de forças paquistanesas a uma escola religiosa, que matou 80 pessoas.

A madrassa (como são conhecidas as escolas religiosas islâmicas) fica na área tribal de Bajaur, na fronteira como Afeganistão e foi destruída por um helicóptero militar na manhã de segunda-feira.


 


O Exército alegou que a escola era usada como “campo de treinamento para militantes”. A população local diz que os mortos não eram militantes, e sim estudantes.


 


O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico e sua esposa Camilla Parker-Bowles estão no país. A visita que fariam a uma madrassa na cidade de Peshawar foi cancelada “por razões de segurança”.


 


Várias manifestações estavam previstas ao longo desta terça-feira em todo o Paquistão. Durante a manhã, cerca de quatro mil pessoas protestaram na cidade de Khar, a maior de Bajaur, gritando slogans defendendo a guerra santa contra os Estados Unidos e dizendo “Morte a Bush”.


 


Eles denunciam o governo americano de envolvimento na operação, e alguns moradores da cidade dizem ter visto um avião de reconhecimento não-tripulado americano sobrevoando a área antes do ataque.


 


O major-general paquistanês Shaukat Sultan afirmou à agência Associated Press que houve “compartilhamento de inteligência” com os Estados Unidos.


 


O Exército americano negou envolvimento no ataque. “Eu posso assegurar sem dúvida que Exército americano no Afeganistão não teve nada a ver com o ataque”, disse o coronel Tom Collins à agência de notícias Reuters.


 


O Paquistão posicionou quase 80 mil soldados na fronteira com o Afeganistão. As tropas têm a missão de buscar “militantes” que procuraram refúgio no acidentado terreno das áreas tribais, depois da invasão e posterior ocupação do Afeganistão no final de 2001.


 


O líder da madrassa de Bajaur, o clérigo radical Maulvi Liaqat Ullah Hussain, também morreu no ataque. Ele fez campanha pela implementação de leis islâmicas na área.


 


Um ministro da Província da Fronteira Noroeste, Siraj ul-Haq, renunciou ao cargo em protesto pelo ataque.


 


“Esta é uma ação muito equivocada. Eles (as vítimas) não receberam nenhuma advertência. Este foi um ataque não-provocado a uma madrassa. Eles eram pessoas inocentes”, disse ele à Associated Press antes de renunciar.


 


O ataque ocorreu dois dias depois que militantes locais participaram de um ato público na área, onde proclamaram como seus heróis o suposto líder da rede al-Qaida, Osama bin Laden, e o líder Talebã, o mulá Muhammad Omar.