Dirigente sindical argentino veio a SP torcer por Lula

Uma parte considerável da opinião pública e da sociedade civil da América Latina acompanhou passo a passo a eleição presidencial no Brasil. É o caso da CTA (Central de Trabalhadores da Argentina), que enviou a São Paulo o seu principal dirigente, Víctor D

Durante cinco dias, De Gennaro acompanhou um comício na Capela do Socorro (periferia Sul da capital Paulista), esteve numa plenária do Sindicato dos Metroviários, acompanhou reuniões de movimentos sociais e caminhadas. Sua conclusão, em entrevista para o Vermelho, coincide com o consenso dos partidários de Lula “Por sorte houve o segundo turno”.



“Unidade da AL não tem volta”



“Isso fez renascer a militância, comprometeu os movimentos sociais. E fortaleceu o confronto ideológico entre os dois projetos”, opina o secretário-geral da central argentina surgida em 1992, em contraposição à tradicional CGT (Confederação Geral de Trabalhadores).
Para De Gennaro, “esta eleição de Lula  e em dezembro a eleição de (Hugo) Chávez (presidente da Venezuela) significam que a unidade latino-americana não tem volta”, alegra-se o sindicalista do ramo dos trabalhadores das estatais.
E Néstor Kirchner na Argentina? De Gennaro recorda que “em novembro nós dissemos não à Alca”  — o país foi um dos mais mobilizados contra o projeto anexionista lançado pelos Estados Unidos. “Agora é preciso construirmos um projeto”, agrega. Cioso da liberdade e autonomia sindical, ele não avança uma opinião de apoio a Kirchner, mas registra que o governo foi de “avanços”.



“Foi muito importante a reunião de Córdoba, a cúpula do Mercosul (em julho passado), com Hugo Chávez, com Evo (Morales, presidente boliviano), com (Michelle) Bachelet (presidente chilena), com este gigante que representa a resistência do povo de Cuba, que é Fidel Castro, e com Kirchner, naturalmente”, diz o dirigente da CTA. Segundo ele, a reunião na cidade argentina “marca um caminho que tem o compromisso de resolver o problema da fome, do desemprego e da pobreza”.



“Uma recomposição do campo”


A CTA se orgulha de ser “autônoma em relação aos governos e aos empresários”. Mas “apóia as transformações” na Argentina de Kirchner.



Não há segmentos dos movimentos sociais que escolheram outro caminho, de confronto com o governo Kirchner? De Gennaro explica que as esquerdas argentinas viveram uma crise, após os acontecimentos de 2001 e que o país vive “uma recomposição do campo popular”. Em que sentido? “Serão os tempos futuros que dirão”, desconversa ele. Mas o sindicalista lembra em seguida que a CTA aprovou, em um congresso com 8 mil delegados, “a necessidade de fortalecer a unidade do campo popular”.



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