Júri admite assassinato de missionário, mas inocenta o réu 

Na madrugada deste domingo (29), em Cuiabá (MT), após 19 anos de espera e cinco dias de julgamento, saiu a sentença do júri popular para o primeiro julgamento relacionado ao assassinato do missionário do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Vicente

A sentença teve três quesitos. Por 4 votos a 3, os jurados decidiram que os ferimentos identificados no corpo de Vicente Cañas foram produzidos por terceiros, fazendo uso de pedaço de pau e arma branca. Por 5 votos a 2, decidiram que estas lesões causaram a morte do missionário. E por 6 votos a 1 inocentaram o réu.


 


“O reconhecimento do crime é uma grande vitória. E o Cimi continuará lutando para o esclarecimento de todos os fatos”, afirmou Paulo Machado Guimarães, assessor jurídico do Cimi que atuou na assistência de acusação.


 


“A experiência mostra que, quando há policiais envolvidos nos julgamentos, é muito difícil que se conclua pela culpa”, afirmou a advogada Michael Mary Nolan, que também atuou na assistência de acusação do julgamento, conduzido pelo juiz Dr. Jefferson Schneider. Acusação e defesa elogiaram a atuação de Schneider.


 


Os advogados do Cimi informaram que a acusação vai recorrer da sentença ao Tribunal Regional Federal (TRF) – 1a Região, em Brasília.


 


Vicente Cañas, missionário do Cimi, foi assassinado em 1987 porque lutava pela demarcação da terra Enawenê-Nawê e trabalhava pela saúde deste povo. Apenas 19 anos depois foi marcado o histórico julgamento dos acusados pelo seu assassinato, a menos de um ano da prescrição do caso.


 


Segundo júri



 
No próximo dia 6 de novembro, será instalado o segundo júri relacionado ao caso, que terá como réu José Vicente da Silva, acusado de ter participado do crime como pistoleiro. Os julgamentos foram desmembrados em 24 de outubro, dia em que iniciou-se o júri concluído domingo, a pedido da defesa.


 


Para a advogada Michael Mary Nolan, esta decisão sobre a ocorrência de homicídio deixa um pouco mais simples o próximo julgamento.


 


19 anos depois


 


Ronaldo Antônio Osmar, ex-delegado da cidade de Juína (MT), foi julgado como intermediário entre os fazendeiros mandantes do crime contra Vicente Cañas Costa os pistoleiros contratados para realizá-lo.



 
Havia seis acusados pelo assassinato de Cañas. Dois deles faleceram e dois tiveram o crime prescrito por terem chegado aos 70 anos de idade. Os outros dois são os que estão sendo julgados. Ambos os réus são julgados com a acusação de homicídio duplamente qualificado, mediante pagamento e em emboscada.


 


Fonte: Cimi