Vitória de Eduardo Campos reconduz PSB ao governo de PE

O Palácio das Princesas terá novo ocupante. O economista Eduardo Henrique Accioly Campos (PSB) conquistou o governo de Pernambuco ao bater o governador Mendonça Filho (PFL), que tentava a reeleição.

Com o feito, Eduardo Campos, 41, credencia-se como liderança política do Nordeste. Apoiado por 18 partidos, Campos segue os passos de seu avô, Miguel Arraes (1916-2005), fundador nacional do PSB.


 


Arraes governou o Estado por três mandatos [1962-64, 1986-1989 e 1995-98] e foi o responsável pelo início da trajetória política do novo governador, ao nomeá-lo como chefe de gabinete durante o segundo mandato. Campos também atuou como secretário de Governo e da Fazenda no terceiro mandato do avô.


 


Eduardo Campos ganhou projeção nacional ao ocupar uma pasta no governo Lula em 2004. Como ex-ministro da Ciência de Tecnologia, lançou-se na corrida pernambucana tendo de dividir a atenção do presidente Lula com seu aliado em segundo turno, o petista Humberto Costa, ex-ministro da Saúde indiciado pela Polícia Federal por suposto envolvimento na máfia dos vampiros, iniciada durante o governo FHC e sob o ex-ministro José Serra, da Saúde.


 


Dezoito pontos atrás de Mendonça no final de julho e terceiro colocado nas pesquisas durante quase todo o primeiro turno, Campos viu a possibilidade de se eleger governador somente às vésperas do dia 1º de outubro, quando levantamentos indicavam indefinição no segundo lugar. O desgaste de Costa transferiu votos ao socialista.


 


No segundo turno, a estratégia concentrou-se em angariar apoios, que foram além do mundo político local. Visitaram Pernambuco em apoio a Campos os governadores eleitos Marcelo Deda (PT-SE) e Cid Gomes (PSB-CE).


 


A pedido de Lula, o governador reeleito do Mato Grosso, Blairo Maggi (PPS), esteve ao lado de Campos. Dias antes, Maggi havia conseguido liberação federal de R$ 1 bilhão para produtores de soja mato-grossenses. A estratégia deu certo. Prefeitos do PSDB e do PMDB, partidos ligados a Mendonça, migraram para a candidatura do PSB.


 


Com a campanha estagnada, Mendonça Filho observou a subida de Campos nas intenções de voto durante todo o segundo turno. Os ataques intensificaram-se, sobretudo de aliados, como o senador eleito Jarbas Vasconcelos (PMDB). Ambos centraram fogo no escândalo dos precatórios durante a administração de Arraes, com Campos na Fazenda, em 1997.


 


O caso transformou-se em CPI no Congresso. O novo governador se viu acusado de falsidade ideológica e crime contra o sistema financeiro pela suposta emissão fraudulenta de títulos públicos de Pernambuco para pagamentos de dívidas decorrentes de sentenças judiciais (precatórios).


 


Em 2003, o Supremo Tribunal Federal entendeu que Eduardo Campos não tinha ligação com o caso, atribuindo a equipes de diversos órgãos as irregularidades. O assunto esquentou a disputa eleitoral, a ponto de o socialista pedir a Deus serenidade para os adversários em comício no sertão do Estado no dia 20 de outubro. Houve confrontos entre militantes dos dois grupos.


 


Forças políticas


 


O desafio futuro do novo governador será acomodar os aliados do início da campanha e aqueles que se aproximaram no segundo turno, como o PT. Em entrevista ao UOL, ele afirmou que “todas estas forças políticas serão representadas não apenas na formação do governo, mas nos resultados das ações que haveremos de desenvolver”.


 


Eduardo Campos aposta em parcerias com o governo federal para governar. Ele também conta com maioria na Assembléia Legislativa para aprovar projetos.


 


Além de compor o ministério de Lula e atuar em governos de Arraes, Campos foi deputado estadual [1991-1995] e federal por três mandatos consecutivos (de 1995 a 2007). É casado com Renata de Andrade Lima Campos, com quem tem quatro filhos: Maria Eduarda, João, Pedro e José Henrique.