Gilson Reis: Eleições, mídia e movimentos populares no Brasil

Confira abaixo o artigo “Brasil: eleições, mídia e movimentos populares”, de autoria do professor e líder sindical Gilson Reis. O texto, publicado originalmente do Portal do Mundo do Trabalho, traça impactos das eleições 2006 e da provável reeleição de Lu

Brasil: eleições, mídia e movimentos populares


 


Por Gilson Reis*


 


Pesquisas de opinião publica, divulgada na manhã desta quinta feira, indicam que  o Presidente Lula possui neste momento, aproximadamente 25 milhões de votos à frente do seu concorrente, o tucano opus dey Geraldo Alckmin. Também, nestes últimos dias os institutos de pesquisa, indicam vitória de vários candidatos aos governos estaduais vinculados à base aliada do futuro presidente. A previsão é que cerca de vinte governadores, dentre o vinte e sete que assumirão em janeiro nos seus respectivos estados, poderão estar em sintonia com o virtual mandatário da Republica do Brasil, o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva.


 


As pesquisas, se confirmadas, serão fundamentais para o futuro do país, pois somado a este resultado, nos estados, com o resultado já conhecido na composição da câmara dos deputados, onde PMDB, PT, PCDOB, PSB e PR serão maioria, abre a possibilidade de um novo quadro politico, mesmo com uma posição não muito favorável no Senado Federal. O governo do presidente Lula poderá compor uma maioria política nos estados e no parlamento, estabelecer uma nova correlação de forças e iniciar definitivamente o processo de ruptura do neoliberalismo para uma nova fase histórica.


 


A possibilidade de terceiro turno como apregoa FHC e alguns de seus discípulos neoaloprados, vão se desmanchando no ar, e as vozes do udenismo reacionário e do lacerdismo inconseqüente vão dando vazão para uma nova realidade nacional, onde o protagonismo são dos milhões de brasileiros e brasileiras, de todas as classes sociais, que compreenderam deste o inicio do processo eleitoral o jogo que estava sendo jogado: dois projetos antagônicos e irreconciliáveis.


 


Nós brasileiros, de todas as classes sociais, fomos bombardeados insistentemente nos últimos quinhentos dias pela grande mídia tupiniquim. Mesmo com toda a carga negativa, muitas destas fabricadas nas editórias políticas dos grandes meios de comunicação, não foram suficientes para romper  com firmeza de propósito e posição de classe da maioria do povo. As veleidades anunciadas, escritas e faladas pelos porta-vozes do golpismo de plantão, eram saboreadas por uma pequena parcela da alta burguesia e de parte da classe media, porém, amplamente rejeitada pela maioria dos homens e mulheres de norte a sul, deste continente chamado Brasil.


 


O epílogo desta desventura nacional, que vem de longe, foi desmascarado nos últimos dias pelo excelente e competente jornalista Raimundo Pereira. Em matéria publicada na Revista Carta Capital, o jornalista não somente conseguiu desnudar a trama da grande mídia nacional que interferiu de forma descarada no primeiro turno eleitoral (Globo, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, veja e suas concessionária em todo o território nacional), como abriu para o próximo período um debate que todos deveremos travar: a democratização e a regulamentação dos meios de comunicação.


 


Uma nova fase da democracia política e econômica no Brasil serão abertas a partir de 29 de outubro. Chegamos ao fim de duas transições que coexistiram fortemente no ultimo período: a democracia do colégio eleitoral de Tancredo Neves e da política neoliberal de Collor de Melo e Fernando Henrique Cardoso. Neste sentido, a democratização da imprensa, que hoje é controlada pelas dez famílias (marinhos, frias, mesquistas, etc) precisarão se adequar a esta nova fase da historia do país.


 


Sabemos que mudar as estruturas econômicas e políticas no Brasil, não será obra de um Presidente, ou da maioria dos governadores e de três centenas de deputados, o que garantirá a aceleração e o aprofundamento deste processo, são os mesmos personagens que vão garantir a vitória eleitoral de Lula no próximo domingo: homens e mulheres de bem deste país. Trabalhadores rurais e urbanos, servidores públicos, aposentados, jovens, ruralistas e uma imensa multidão de homens e mulheres  que acreditam no Brasil e nas suas potencialidades. Entretanto sabemos que não existirá avanço real, sem a organização do povo e a mobilização a partir de suas entidades de representação. È nesta junção histórica que entra como amalgama a CUT, MST, UNE e centenas de outras entidades do campo popular.


 


Garantir a eleição domingo de forma avassaladora; condensar um novo projeto popular de desenvolvimento nacional com valorização do trabalho; fazer uma profunda reforma política, que garanta definitivamente a democracia no país; realizar profundas mudanças na política macroeconômica e na política neoliberal, em parte  praticada ainda hoje; fazer profundas mudanças nos meios de comunicação, tudo isto amarrado e entrelaçado com uma ampla participação e mobilização do povo brasileiro.


 


O amanhã pode estar chegando, vivo o povo brasileiro por mais um feito histórico.


 


* Gilson Reis é presidente do Sindicato dos Professores de Minas Gerais