Para o PCdoB-RS, a virada está sendo construída

No segundo turno para o governo gaúcho, que promete uma apuração emocionante, entre Olívio Dutra (PT/PCdoB), e Yeda Crusius (PSDB), a principal causa do avanço da Frente Popular ''é que ficou bem demarcado que há dois projetos bem diferentes na disputa''.

A campanha eleitoral no Rio Grande do Sul vive momento decisivo. Há um quadro indefinido com possibilidades de virada na disputa eleitoral pelo Piratini. É perceptível o crescimento das candidaturas de Lula e de Olívio Dutra (PT/PCdoB), enquanto que Yeda Crusius (PSDB) aparece em queda.



Surpresa no primeiro turno, embalada pelo bom resultado estadual de seu candidato à presidência, Geraldo Alckmin, Yeda iniciou o segundo turno com larga vantagem sobre Olívio. Segundo pesquisa do Ibope divulgada no dia 8/10, ela aparecia com 63% das intenções de voto, ante 29% do candidato da Frente Popular. A diferença diminui em pesquisa realizada pelo Instituto Methodus, divulgada na semana passada. Nela Yeda tinha 59,1% e Olívio 34%.



Em nova pesquisa, também realizada pelo Instituto Methodus, divulgada hoje (26), Olívio Dutra apresentou forte crescimento e encostou em Yeda. Ela aparece com 49,2% das intenções de voto e Olívio subiu para 43,1%.



Houve drástica diminuição na vantagem da tucana que está em queda livre. Era de 25,1 pontos percentuais na semana passada e caiu agora para 6 pontos. O índice de indecisos está em 4% e o de brancos e nulos em 3,8%. A intenção de voto em Lula também melhorou. Segundo pesquisa Datafolha divulgada terça-feira no Jornal Nacional, é na região sul que Lula apresentou maior crescimento, comparando-se com outras regiões do país.



O que está levando a esta virada



Para Frasson, são vários os fatores que contribuem para deixar os tucanos e conservadores gaúchos receosos com o desfecho da eleição neste domingo. Mas o principal deles é que ficou bem demarcado que há dois projetos bem diferentes na disputa.



Outro é que a polarização da disputa nacional repercute intensamente no eleitorado gaúcho. ''O que não estava claro no primeiro turno, passou a ficar evidente nesta segunda fase da batalha eleitoral. De um lado, com Lula, o projeto do avanço, o projeto do povo; do outro, com Alkmim, o projeto do atraso, das elites submissas'', disse.



Frasson destacou também a grande quantidade de apoios que a candidatura Olívio e Jussara angariou neste segundo turno. São mais de 270 prefeitos e vice-prefeitos, empresários dos mais diversos setores, trabalhadores e movimentos sociais. ''Os servidores públicos, de modo especial, têm demonstrado apoio à Frente Popular e forte rejeição à candidatura Yeda, por conta do risco de privatizações e precarização do serviço público''.



Outro fator citado pelo dirigentes estadual comunista foi a opção da candidata tucana por não participar de diversos debates de TV e rádio.''Ela fugiu do confronto de idéias, o que não repercutiu bem entre os eleitores''.    



''Uma candidatura oca''



Segundo Frasson, a candidatura tucana não conseguiu, ao longo da campanha, apresentar propostas concretas para resolver os problemas do Estado, sobretudo no que se refere ao enfrentamento da crise financeira. ''É uma candidatura oca, que se limita a repetir o bordão do suposto novo jeito de governar, que na verdade é o velho neoliberalismo travestido de novo''.



Para ele, ao longo do mês foi caindo a máscara dos tucanos. ''É uma candidatura que não tem compromisso com os anseios do povo. É defensora das elites e contra os trabalhadores. Seu passado, que tentou esconder, e as forças políticas que lhe dão sustentação revelam isso''. Completou afirmando que é um risco muito alto para o Rio Grande eleger Yeda.



Sintonia com o projeto nacional



''A candidatura de Olívio e Jussara, representa os setores progressistas e democráticos. São candidatos que têm passado de identidade com a luta do povo. Tem propostas concretas que estão sintonizadas com o projeto nacional capitaneado por Lula. É a alternativa para o RS superar a estagnação econômica, enfrentar a grave crise por que passa e voltar a crescer'', avalia Frasson.



Para ele, o sentimento de que é melhor para o Rio Grande que o governador tenha afinidade com o presidente da República foi importante. Ele citou metáfora utilizada pela vice da chapa de Olívio, a deputada estadual Jussara Cony (PCdoB), nos debates e programas de TV: ''O cavalo está passando encilhado e o povo gaúcho não pode desperdiçar esta oportunidade''. E completou: ''Com Lula na presidência e Olívio no governo do estado, o RS terá todas as condições para retomar um governo avançado, que garanta um choque de desenvolvimento, gerando empregos, distribuição de renda e políticas públicas voltadas para atender os interesses do nosso povo''.  



Mobilização: fator decisivo



Frasson defende que, nos dias que restam de campanha, é preciso tomar as ruas. ''A militância dos partidos da Frente Popular, a militância progressista de vários partidos, os lutadores do movimento social e todos os que sonham com um futuro grandioso para o Brasil e para o Rio Grande do Sul têm um papel decisivo''.



Sobre o comportamento dos militantes do PCdoB nesta reta final, ele conclamou para que haja grande engajamento. ''A militância do PCdoB está desafiada a completar o excelente resultado que obteve no primeiro turno''. O PCdoB-RS elegeu a jovem vereadora Manuela Dávila como a deputada federal mais votada do estado, e levou à Assembléia Legislativa o hoje vereador Raul Carrion.



''Vamos reeleger Lula e eleger Olívio governador e a nossa camarada Jussara Cony vice-governadora. Por isso, estamos orientando que todo empenho é necessario. Vamos às ruas! Nosso povo novamente construirá uma grande vitória e dará expressiva contribuição para o avanço da luta mudancista em nosso país''. Encerrou citando fala usada por Manuela, deputada federal eleita campeã de votos no RS: ''Quando o povo quer ninguém segura''.



O Rio Grande do Sul é o quinto maior colégio eleitoral do país, com mais de 7 milhões de eleitores. No primeiro turno, Alckmin obteve 55,76% dos votos, ante 33,07% de Lula. Em 2002, Lula havia vencido os dois turnos da eleição presidencial no Estado. Na disputa pelo governo gaúcho, Yeda teve uma votação de 32,9% contra 27,4% de Olívio.



De Porto Alegre
Clomar Porto