Novas fotos de soldados alemães com crânios aumentam escândalo

O escândalo das fotos de soldados alemães no Afeganistão posando com um crânio humano nas cercanias de Cabul ameaça se tornar um assunto de maiores proporções, diante das novas imagens que vieram à tona, revelou hoje (26/10) a revista alemã Der Spiege

Após a publicação das fotos – datadas de 2003 – na quarta-feira pelo jornal Bild, o canal de televisão privado RTL provocou novamente alarme com o anúncio de que havia recebido imagens com a mesma temática, porém mais recentes.


 


Segundo o deputado dos Verdes Hans-Christian Stroebele, esta é só a ponta do iceberg, pois disse saber por mais de dez pessoas que há centenas de fotos desse tipo.


 


No caso da RTL, também seriam fotos de lembrança da missão no Afeganistão, com um crânio — não se sabe se é o mesmo das primeiras fotos —, porém mais recentes, de 11 de março de 2004.


 


Tudo indica que o local é, como no caso das primeiras fotos, uma vala comum próxima a Cabul revelada pela chuva e pela erosão. As fotos foram tiradas com uma câmera digital. Uma delas mostra um suboficial beijando uma caveira e, em outra, a mesma caveira aparece na parte dianteira do veículo utilizado pelas tropas alemãs da Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf).


 


O Bild revelou hoje que a fossa chegou a se tornar um lugar de peregrinação para muitos dos soldados destacados na capital afegã, mas ainda não está claro os cadáveres da vala são afegãos ou ex-militares soviéticos.


 


As autoridades de Cabul condenaram hoje os atos que violam os valores islâmicos e as tradições afegãs, disse um porta-voz do Ministério de Exteriores do Afeganistão.


 


O porta-voz disse que “o Afeganistão e o povo afegão esperam uma resposta firme” da Alemanha. A rejeição às fotos foi unânime hoje no Bundestag (câmara baixa do Parlamento alemão), durante a apresentação pelo ministro da Defesa, Franz-Josef Jung, do livro branco para a política de segurança e defesa da Alemanha, aprovado na quarta-feira em Conselho de Ministros.


 


Jung reiterou com firmeza que “comportamentos dessa índole não têm lugar no Exército federal”. disse que não podia haver suspeitas sobre todo o Exército alemão, e lembrou que mais de 200 mil soldados alemães cumpriram missões no exterior, “até agora de forma impecável”.


 


O presidente da Associação do Exército, o coronel Bernhard Gertz, mostrou preocupação pelas conseqüências da profanação, já que este incidente pode fazer com que todo o mundo árabe e muçulmano se volte contra o país.


 


“A instrumentalização dessas imagens de Cabul vai gerar, naturalmente, uma grande indignação no mundo árabe e talvez abra espaço para situações concretas de perigo para nossos soldados no Afeganistão”, acrescentou o principal representante da associação que defende os interesses dos militares alemães. O que se destaca é que ele não condena o ato, mas a divulgação das imagens da profanação.