Uribe suspende diálogo com as Farc e adota discurso linha-dura

Após meses de negociações, a relação entre o governo da Colômbia e as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) voltou a um nível extremamente tenso, que, na opinião de diversos analistas – e até mesmo de algumas autoridades – deve desencadear num

O carro-bomba que explodiu em Bogotá na última quinta-feira (19/10), cuja ação foi creditada pelo governo colombiano às Farc, pode ser o ponto de partida para esse cenário. “Nosso governo irá realizar novas e agressivas ações militares contra os rebeldes. Vamos endurecer tanto quanto for necessário para lidar com a situação”, afirmou o vice-presidente do país, Francisco Santos Calderón, em entrevista à Folha Online.



O ataque deixou 23 feridos e abriu uma lacuna nas discussões de paz entre os guerrilheiros e o governo. O governo agiu rápido e suspendeu a autorização para um encontro entre delegados do governo e membros das Farc, que serviria para negociar a troca dos 59 políticos, soldados e policiais seqüestrados por 509 rebeldes detidos em prisões do país.



Linha-dura
Há na Colômbia setores que estranharam a explosão do carro-bomba exatamente às vésperas de uma nova discussão entre o governo e as Farc. Para Horácio Serpa, dirigente do Partido Liberal Colombiano, o acidente serviu para que Uribe “ressuscitasse seu espírito de guerra, que não contempla um acordo humanitário”.



Há também no país quem ache “estranha” uma explosão dessa natureza, nas condições em que o acidente se deu. Wilson Borja, líder do Pólo Democrático Alternativo, vê nesse episódio uma vitória dos setores considerados mais linha-dura do governo, cuja figura principal é o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos. “Trata-se de um setor muito poderoso, composto por muitos generais, com muitos vínculos por todo o país”, afimou.



Novo imposto
Enquanto o debate sobre a relação com as Farc toma nova proporções, o presidente Uribe tenta garantir o fortalecimento das Forças Armadas do país.



Nesta segunda-feira (23/10), foi anunciada a criação de um novo imposto, cuja previsão de arrecadação ultrapassa os oito bilhões de pesos (cerca de R$ 7,3 milhões) nos próximos dois anos.



Setores da oposição dizem que o governo aproveitou seus bons índices de popularidade para impor um novo tributo à população. Uribe foi reeleito para um segundo mandato no último dia 7 de agosto, ocasião em que recebeu 62% dos votos de todo o país.