O Sul, em disputa, concentra as agendas de Lula e Alckmin

Depois de percorrer Curitiba, Alvorada e Canoas,  o presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou a sua maratona sulista com um comício na cidade gaúcha de Caxias do Sul.  “O governo FHC asfixiou os trabalhadores e os pobres do país sem aumentar salários e dar créditos para as pessoas”, atacou Lula, para um público de 15 mil pessoas, segundo os organizadores, ao lado de Olívio Dutra.

Alckmin esteve em Florianópolis e municípios do interior catarinense. Concluiu o dia com um comício em Porto Alegre, para um público calculado pelos organizadores em 7 mil pessoas. Concentrou seu discurso na tecla da corrupção, em especial o episódio da compra do dossiê. Voltou a frisar que ele e Lula são “muito diferentes”.

 

O doutor FHC, a teoria e a prática

Lula também destacou a diferença entre seu projeto e o de Alckmin: “Nosso governo olhou para os pobres, aumentou salários, deu crédito, criou programas sociais, combateu a fome e soube reconhecer o valor do trabalhador”, afirmou em Caxias.

O presidente também estabeleceu comparativos na política externa. “O doutor que sabia de tudo na teoria, não fez nada na prática [referindo-se ao ex-presidente FHC]. Eles [a oposição] me odeiam por não compreenderem que, sem falar inglês, fiz uma política externa melhor. Fiz porque, para mim, as pessoas não são números, e temos que cuidar delas”, disse.

Estavam presentes no comício o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, e a vice de Olívio, deputada estadual Jussara Cony (PCdoB).
Jussara conclamou: “Esse povo é guerreiro, herdeiro da Revolução Farroupilha (1835-1845), vai colocar de novo no poder um homem do povo.”

Rossetto destacou o investimento do governo federal no Programa de Agricultura Familiar, que beneficiou 155 mil famílias com mais crédito, assistência e apoio ao corporativismo. “Se fizemos tudo isso em quatro anos, imaginem o que faremos em um segundo mandato”, declarou.

Já Olívio criticou as privatizações, um ponto vulnerável de Yeda. Ele disse que os tucanos não querem administrar o país; “os tucanos são privatistas e querem sobreviver com dinheiro da venda das estatais e taxas. Com o PSDB no poder, o Rio Grande do Sul cresceu menos que o resto do Brasil”, observou.

Olívio ensaia nova virada

Depois de chegar ao segundo turno em uma virada, a candidatura Olívio-Jussara volta a crescer, junto com a de Lula, e ameaça o favoritismo de Yeda.  Pesquisa Ibope  divulgada neste sábado (21) pelo Jornal Zero Hora  mostra que diminuiu de 34 para 20 pontos percentuais a vantagem da candidata do PSDB.

De acordo com o levantamento realizado entre os dias 17 e 19 de outubro, a candidata tucana caiu 8 pontos percentuais em uma semana e aparece agora com 55% das intenções de voto, enquanto o petista subiu seis, de 29% para 35%. Os brancos e nulos somaram 4%, e os indecisos, 6%.

O Ibope também perguntou as intenções de voto do eleitorado gaúcho para a eleição presidencial. Alckmin caiu 6 pontos percentuais e teria 59% dos votos válidos, enquanto Lula subiu 6  e somaria 41%.

Adesões à campanha

Os apoios a Olívio Dutra também  não param de crescer. Na sexta-feira (20), no auditório do Sindicato dos Bancários, o Cpers-Sindicato, Sindsepe, Simpe, Semapi, Sintrajuf, Sindserf, Ugeirm, Simpa, Sindiágua, Atempa, Sinpro, Sindicato dos Bancários, CUT, Federação dos Bancários, Sagers (Armazéns Gerais) e o presidente licenciado da OAB, Valmir Batista somaram-se à chapa Olívio-Jussara para o Palácio Piratini, e à candidatura Lula à Presidência.

Ao externar publicamente sua posição, Valmir Batista salientou que a neutralidade aprovada pelo PDT em relação à escolha de candidatos neste segundo turno não é apenas para um lado. “Esta decisão é para que os filiados apóiem os candidatos com os quais têm identidade. Coloco de lado eventuais divergências para abrir meu voto a Olívio e a Lula porque está em jogo um projeto maior para o País e para o Rio Grande”, revelou o advogado e militante do PDT.

“Viva a classe trabalhadora”

Antes de se manifestar em nome dos trabalhadores, a presidente do Cpers-sindicato, Simone Goldschmidt, anunciou a decisão tomada pelo Conselho Geral da entidade, na noite de quinta-feira (19), de apoiar o projeto encabeçado por Olívio, no Rio Grande, e Lula, em nível nacional. “Não tem como a classe trabalhadora defender o projeto privatista, que tira direitos adquiridos através da luta de tantos anos”, sentenciou, acrescentando, “estaremos nas ruas em número redobrado para garantir a vitória. Viva a classe trabalhadora”. A professora entregou para Olívio o documento com a decisão do Conselho Geral, e uma carta dos professores e funcionários de escolas, onde constam as reivindicações da classe.

Olívio Dutra falou de sua alegria motivada pelas novas adesões. “É muito bom, Valmir, te ter nesta quarteada, pela visão que tens da luta social O projeto da Frente Popular dialoga com todas as pessoas de bem do Rio Grande e tu és uma destas pessoas”, frisou o ex-governador

Dirigindo-se aos servidores públicos estaduais, o postulante ao Palácio Piratini comprometeu-se a promover um diálogo franco e manter a mesa aberta para debater questões como saúde, moradia, previdência, atualização profissional para que os servidores sintam-se respeitados e valorizados. “Trabalharemos para que a máquina pública não se desfaça de nenhum naco sequer, e queremos retomar a discussão sobre a elevação dos salários mais baixos”, afirmou. Além disso, o ex-governador disse que a aposentadoria especial do funcionalismo precisa ser regulamentada.

Na avaliação de Olívio, os apoios recebidos nesta sexta-feira, e outros tantos que chegam a cada dia, demonstram o vigor e o alcance da proposta que representa. “O nosso projeto, para o Rio Grande e para o Brasil dialoga com todas as pessoas de bem. Estes apoios revelam o crescimento da candidatura e o potencial de vitória que não vem de graça e nem está dada”, sintetizou.

Com agências