Jornalistas cubanos denunciam os planos de Bush para a Ilha

A União dos Jornalistas de Cuba enviou um comunicado nesta sexta-feira (19/10) a centenas de colegas e veículos de comunicação de todo o mundo no qual são descritos os efeitos causados pelo bloqueio econômico à ilha, imposto pelos Estados Unidos. O docume

Os jornalistas conclamam que essa política seja denunciada no maior número de meios de comunicação possível. Abaixo, o Vermelho divulga a íntegra da carta e reafirma sua posição de repulsa ao bloqueio imposto pelos Estados Unidos à nação cubana.



Declaração da União dos Jornalistas de Cuba



A imprensa, o jornalismo e os jornalismos cubanos, como todos os nossos compatriotas, sofrem os efeitos do criminoso bloqueio dos Estados Unidos, intensificado de forma demente pela administração Bush. Essa política não só tenta matar de fome e enfermidades o nosso povo, mas também impedi-lo, sobretudo, de conhecer e difundir a verdade de Cuba e do mundo por seus próprios meios.



À guerra econômica, comercial e financeira, se une um ataque midiático sem piedade durante quase meio século. Ao redor da Ilha foi montado um certo de agressão via rádio e TV, mediante transmissões subversivas das mal chamadas Rádio e TV Martí, propriedade do governo dos EUA, dirigidas a provocar uma mudança no sistema político cubano. Para tal fim, no orçamento federal norte-americano são destinados milhares de dólares a cada ano.



Para incrementar o envio forçado de sinais televisivos dispõem de mais de um avião; para o rádio, destinam, por meio de 30 freqüências, mais de 2.200 horas de programação. Esse bombardeio de mentiras, manipulação e tergiversações, no que se inclui a programação de emissoras a serviço dos grupos extremistas radicados na Florida, pisoteia as regras internacionais e envenena constantemente o espaço eletrônico do rádio.



Nesse clima enraivecido é que se exerce cotidianamente o exercício do jornalismo cubano, cujo setor se vê prejudicado, inclusive, porque se impede ou se encarece a obtenção de equipamentos e insumos destinados ao funcionamento e desenvolvimento da indústria impressa, do rádio e da televisão.



O caso da Internet é muito ilustrativo. O fechamento do mercado e os preços elevados dos recursos tecnológicos fizeram com que os meios cubanos não tivessem uma ativa e dinâmica presença na rede das redes até finais do século passado. É conhecida a proibição do acesso aos programas de informática por parte das multinacionais norte-americanas, que dominam o mercado desses produtos e prejudicam também nossos meios de comunicação.



Por idênticas razões, Cuba não pôde, por outro lado, conectar-se à Internet por um cabo ótico submarino, e foi obrigada a utilizar os satélites, que são mais caros e de limitado alcance, além de mais lentos.



A toda essa realidade se somam outras medidas do governo dos Estados Unidos na esfera da comunicação, da informação e do jornalismo, que estão contidas na Leu Helms-Burton e do denominado Plano Bush para uma suposta transição em Cuba – cujo anexo secreto sugere projetos de agressão militar – e que já não são mais do que instrumentos para a anexação e o regressos a um passado que, no caso dos meios de comunicação, implica na implementação de um modelo totalitário de imprensa comercial, excludente, baseado na ditadura do mercado, na concentração da propriedade e no mercenarismo intelectual, aleijados cada vez mais da ética, da verdade e de princípios.



É tamanha a desfaçatez desse tipo de meio de comunicação, cuja restauração sonham impor a Cuba, que, com a assinatura de um dos delatores disfarçados de jornalistas mantidos pela máfia anti-cubana, o New Herald acaba de anunciar novas ações do Clã Bush para perseguir e reprimir os cidadãos que, em território estadunidense, violem a legislação do bloqueio, entre eles os que comercializem, enviem remessas ou viajem a trabalho à Ilha por outros países.



Os jornalistas cubados, junto a todo o povo, expressam seu repúdio a essa política imoral e genocida do governo dos EUA, e proclamam que toda ação imperial dirigida a barrar ou impedir o cumprimento de nossa função social de informar de maneira verdadeira e precisa a nossa povo e ao mundo está fadada ao fracasso, pois não conseguirá seus objetivos, tal como vem ocorrendo nos últimos 47 anos.



Pedimos às organizações jornalísticas da América Latina e do mundo, e aos meios de comunicação e jornalistas honestos, que reportem e investiguem o conteúdo do anexo secreto do Plano Bush e peçam a seus governos o apoio à resolução apresentada à ONU que pede o fim imediato do bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba, o qual ocasionou danos de mais de US$ 86 bilhões e causados sofrimentos e penúrias ao povo cubano.



União dos Jornalistas de Cuba
19 de outubro de 2006