Coréia do Norte não fará novo teste nuclear, promete líder

A República Popular Democrática da Coréia (RPDC) não tem planos para um segundo teste nuclear. A garantia foi dada pelo próprio Kim Jong-il, líder norte-coreano, ao enviado chinês a Pyongyang. A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, soube d

Em Pequim, onde se encontrou com o presidente Hu Jintao e com o primeiro-ministro, Condoleezza Rice já disse que Washington está disponível para negociar, mas sem levantar as sanções financeiras ao regime norte-coreano.


 


A China votou a favor da resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas contra a RPDC, mas tem mostrado reticências diante de algumas sanções previstas. Mesmo garantindo que vai cumprir as obrigações assumidas em Nova York, Pequim prefere esgotar a via diplomática.


 


Bloqueio econômico


 


A resolução 1718, aprovada em 14 de outubro pelos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, impõe sanções econômicas e comerciais à RPDC, exige que o país se abstenha de qualquer novo teste nuclear e intima ainda Pyongyang a regressar às negociações a “seis” (China, Japão, Rússia, Estados Unidos e as duas Coréias).


 


A tomada de posição – aprovada como retaliação pelo primeiro ensaio nuclear norte-coreano, levado a cabo em 9 de outubro – prevê um bloqueio de armas e material militar, bem como materiais relacionados com a tecnologia nuclear ou de mísseis, e ainda de produtos de luxo.


 


O documento obriga os estados membros, em conformidade com a respectiva legislação, a “agir em cooperação para garantir o respeito destes embargos, procedendo inclusivamente à inspeção de qualquer carga destinada ou proveniente da RPDC”.


 


País não cede a pressões


 


As autoridades norte-coreanas consideram que o desenrolar dos acontecimentos prova que a RPDC tinha razão quando se decidiu pela opção nuclear, e advertem “o grupo de Bush” para a inutilidade de tentarem, através de sanções e de pressões, pôr “o país de joelhos”.


 


“Não faz sentido esperar que a RPDC ceda às pressões e às ameaças quando se converteu num Estado com armas nucleares”, afirma a declaração de Pyongyang, reiterando que o país “quer a paz mas não teme a guerra, quer o diálogo mas está sempre pronto para a confrontação”.


 


Reiterando que a RPDC deseja cumprir os seus compromissos para levar adiante a desnuclearização da península da Coréia, o documento adverte que não deixará de responder “com fortes ações” a quaisquer ataques à sua soberania e ao seu direito à existência.


 


No domingo, as autoridades de Pyongyang já haviam dado conta ao vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexandre Alexiev, da sua disponibilidade para prosseguir as negociações a seis. O vice-ministro russo viajou para a RPDC, onde manteve diversos contatos, principalmente com o seu homólogo Kim Ky-kwan.


 


No final da visita, segundo a agência Interfax, Alexiev afirmou que os responsáveis norte-coreanos “mencionaram por várias vezes que Pyongyang jamais transferirá as suas capacidades nucleares para outro país e nunca as utilizará contra quem quer que seja”.


 


Entretanto, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, que esta terça-feira iniciou um viagem ao Japão, Coreia do Sul e China com o objetivo de “reunir o apoio” dos amigos e aliados de Washington na região, considerou que a imposição de sanções a Pyongyang é também um “aviso” ao Irã.


 


A resposta de Teerão chegou pela voz do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, que acusou “alguns países ocidentais” de “transformaram o Conselho de Segurança da ONU numa arma para impor a sua hegemonia e aprovar resoluções contra os países que se lhe opõem”.


 


Considerando “ilegal” a exigência do Conselho de Segurança para que o Irã suspenda o seu programa de enriquecimento de urânio, Ahmadinejad anunciou que o seu país vai prosseguir o projeto nuclear.


 


EUA forçam à opção nuclear


Em seu discurso nas Nações Unidas, Choe Su Hon, presidente da delegação da RPDC, na 61.ª sessão da Assembléia Geral da ONU, em 26 de setembro de 2006, em Nova York, declarou que  “A política dos EUA contra a RPDC vai além dos simples gestos de hostilidade, pois faz pairar a ameaça nuclear e considera a RPDC como fazendo parte de um “eixo do mal”, por isso sujeita a ataques nucleares preventivos, o que força a RPDC a dotar-se de um poder de dissuasão nuclear”.


 


“O governo da RPDC mantém contudo que a desnuclearização da península coreana pode ser feita de forma pacífica através do diálogo e da negociação”, sublinhou o diplomata.


 


“É sabido que o elemento essencial da Declaração conjunta de 19 de setembro de 2005 adotada pelos participantes nas negociações a seis é o engajamento da RPDC a renunciar ao seu programa nuclear e a aceitar a coexistência pacífica. Esta declaração engaja também os EUA. A RPDC advoga o respeito mútuo de todas as disposições da Declaração conjunta. É evidente que só beneficiará com isso e é por essa razão que está mais decidida do que nunca a prosseguir as negociações a seis”, comentou.


 


“Ora, os EUA, apesar da referida Declaração conjunta, impuseram sanções financeiras à RPDC, seu parceiro de diálogo, e repudiaram a agenda relativa à próxima ronda de negociações, o que resultou no impasse atual. À luz destes fatos, não podia ser mais evidente que os EUA não desejam a continuação das negociações a seis nem a desnuclearização da península coreana”, denuncia.


 


“Os EUA só desejam uma coisa, que é o crescimento das tensões na península coreana para se servirem disso como pretexto para aumentar a sua presença militar no Nordeste asiático. Esperam travar o crescimento da RPDC e dos seus vizinhos no quadro da sua estratégia para alcançar a supremacia mundial. Estas são as verdadeiras intenções dos EUA. É absurdo que a RPDC, sob pressão de sanções americanas sem razão de ser, participe nas negociações. Para nós esta é uma questão de princípio e nesta matéria não faremos concessões”, concluiu Su Hon.


Com informações do Jornal Avante!