Diálogo com controladores de vôo não ocorreu, afirma Waldir Pires

O ministro da Defesa, Waldir Pires, afirmou ontem (17/10), em entrevista coletiva, que o diálogo divulgado na terça-feira (17/10) pelo jornal paulista O Estado de S. Paulo “não está de acordo com as informações do Cindacta (Centro Integrado de Defesa Aére

Segundo alega o jornal, os pilotos do jato Legacy, que colidiu no dia 29 de setembro com um Boeing da empresa de aviação Gol, fizeram contato com o Cindacta-1 (Brasília) quatro minutos antes do ponto onde deveriam mudar de altitude. Os pilotos teriam perguntado se deveriam descer ou manter a posição, e os controladores de vôo teriam respondido: “Ok. Mantenha”.


 


De acordo com Pires, os responsáveis pela investigação afirmaram, categoricamente, que o diálogo não ocorreu. “A comunicação entre os controladores de vôo e o jato foi interrompida alguns minutos antes da passagem dele pela vertical Brasília. Sucessivas vezes as torres de controle tentaram contato. E aquele diálogo, pelo que fui informado, não aconteceu”, disse.


 


O ministro afirmou que o transponder do Legacy – equipamento que informa a posição do avião e evita colisões – também já não funcionava antes da passagem do jato por Brasília. O equipamento só teria voltado a funcionar depois da colisão com o Boeing.


 


A altitude do Legacy, no entanto, parecia correta, pois os radares do Cindacta-1 indicavam que o jato voava a 36 mil pés. “Apesar da falta de comunicação, os radares indicavam que o plano de vôo estava sendo cumprido. A altitude descrita era 360, o que representa 36 mil pés”. Pires ressaltou que os radares não são totalmente precisos e que a posição correta seria conhecida pelos controladores de vôo se o transponder estivesse funcionando.


 


Em depoimento à Polícia Civil de Mato Grosso, Joseph Lepore e Jan Paul Paladino, piloto e co-piloto do jato, informaram que a altitude foi sempre mantida a 37 mil pés. A Força Aérea Brasileira (FAB) afirma que a colisão ocorreu nesta altitude.


 


De acordo com o plano de vôo, entre São José dos Campos (SP) e Brasília o Legacy deveria manter a altitude de 37 mil pés. A partir daí, deveria descer a 36 mil pés e manter esta altitude até o ponto Teres – um marco virtual de auxílio à navegação aérea. Deste ponto até Manaus, a altitude deveria ser de 38 mil pés.


 


Segundo Waldir Pires, o presidente da comissão que investiga o acidente, coronel Rufino Antônio da Silva Ferreira, deve chegar amanhã a Brasília trazendo as transcrições das caixas-pretas do Legacy e do Boeing. “As transcrições e as perícias é que revelarão em que circunstâncias se deram o acidente”, disse. “Todas as informações necessárias serão repassadas à Polícia Civil de Mato Grosso e à Polícia Federal, até que a Justiça determine de quem é a competência para apurar o caso”.


 


O Boeing 737-800 da Gol caiu no norte de Mato Grosso no dia 29 de setembro depois de colidir, em pleno vôo, com um jato Legacy, fabricado pela Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica). Nenhum dos sete ocupantes do jato saiu ferido. Todas as 154 pessoas que estavam no Boeing morreram.