Coréia do Norte se diz aberta a mais discussão na ONU

A Coréia do Norte condenou a resolução do Conselho de Segurança da ONU, que lhe impõe sanções econômicas após a realização de teste nuclear. O embaixador norte-coreano disse que o conselho agiu como um bando de “gângsteres” e que qualquer outra pressão po

A resolução 1718, que foi aprovada por unanimidade pelos 15 integrantes do Conselho de Segurança, inclui uma proibição à importação de vários itens militares e impõe sanções financeiras, mas não prevê o uso de força militar. O futuro secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, disse que, caso seja necessário, está preparado para viajar a Pyongyang para ajudar a acalmar a crise.


 


A resolução foi aprovada neste sábado e logo após a votação o enviado do país à reunião, Pak Gil Yon, condenou a decisão do Conselho de Segurança. “É uma atitude de gângsteres a decisão do Conselho de Segurança de adotar hoje uma resolução coercitiva enquanto negligencia as ameaças e as ações por sanções e a pressão dos Estados Unidos”, disse Yon.


 


Analistas ressaltam que a barganha diplomática intensa sobre a escala e a natureza das sanções ficou evidente. A China disse ter “reservas” em relação ao controle de cargas de navios norte-coreanos, enquanto a Rússia disse que as sanções não podem ser consideradas indefinidas. Os dois países disseram estar temerosos de que as inspeções de carga permitidas pela resolução possam levar a confrontos navais com navios norte-coreanos.


 


Segundo o correspondente da BBC em Pequim, Jonathan Marcus, o governo chinês está preocupado com a estabilidade da Coréia do Norte e não quer abrir caminho para nada que pareça um bloqueio naval ao país. Negociações internacionais devem se intensificar nos próximos dias, quando os governos devem discutir as ações práticas para implementar as sanções.


 


Possibilidades
O enviado russo à reunião do Conselho de Segurança, Alexander Alexeyev – que se reuniu com Pyongyang antes de viajar a Seul – disse que os norte-coreanos disseram que não se recusam a voltar às conversas. “O lado norte-coreano insistiu repetidamente que o processo de seis nações deveria continuar”, disse Alexeyev segundo a agência de notícias Interfax.


 


A Coréia do Norte quer que as discussões continuem entre os seis atores (China, as duas Coréias, Estados Unidos, Japão, Rússia) a respeito da desnuclearização da península coreana. Organizações humanitárias disseram estar preocupadas com a possibilidade de as sanções prejudicarem um país que já tem dificuldades para se alimentar por conta própria.


 


“É um país muito frágil e já existe muita miséria e nós estamos tentando tomar conta das pessoas”, disse Jaap Timmer, chefe da delegação de Pyongyang da Cruz Vermelha, à agência de notícias AFP. “A ajuda humanitária não deveria depender de decisões políticas. Por isso, esperamos que, de um ponto de vista moral, qualquer pressão contra o governo não gere impactos à população”, declarou Timmer.


 


As sanções
A resolução 1718 exige que a Coréia do Norte elimine completamente seu arsenal nuclear, mas nega a possibilidade de uma ação militar contra o país –de acordo com uma exigência da China e da Rússia.


 


Ficam banidas a importação e exportação de materiais e equipamentos que possam ser usados para fabricar armas nucleares ou mísseis balísticos. A resolução exige ainda que todos os países congelem bens de pessoas que colaborem com o programa de armas da Coréia do Norte.


 


Em outra exigência de russos e chineses, foi eliminada a proibição total da venda de armas convencionais para a Coréia do Norte. Alternativamente, a resolução embargou apenas o comércio de equipamentos pesados como tanques, navios de guerra, aviões de combate e mísseis.


 


Foi “solicitado” também que os países inspecionem a carga que entra e sai da Coréia do Norte de forma a impedir o tráfico ilegal de armas de destruição em massa e mísseis balísticos. No texto da resolução, a palavra “decide” foi trocada por “solicita”, de forma a aliviar a sanção que não agradou a chineses e russos.


 


Mesmo após a alteração do texto, o embaixador da China, Wang Guangya, declarou após a votação que a inspeção de carga ainda não era aceitável para Pequim.