Marco Aurélio vê economia com otimismo e critica imprensa

O coordenador geral da campanha Lula, Marco Aurélio Garcia, disse que em uma eventual necessidade de ajuste das contas públicas, esta ocorrerá através da conjunção de um maior crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), da queda das taxas de juros e da

Marco Aurélio Garcia acredita que a economia terá um crescimento em 2007 da ordem de 5% do PIB, o que implicará em uma maior arrecadação de tributos para a União, Estados e Municípios. A redução das taxas de juros, que devem ocorrer de forma mais acentuada daqui para a frente, em função da queda da inflação abaixo da meta, deve ajudar, como já vem ocorrendo, para reduzir os gastos com encargos financeiros. Por último, o governo quer melhorar a qualidade do gasto público e manter a atual meta de superávit fiscal equivalente a 4,25% do PIB.


 


Garcia lembrou que há despesas, como de custeio, que vêm caindo, a exemplo das aquisições governamentais por pregão eletrônico. Entre janeiro a agosto último, a União garantiu uma economia de R$ 632 milhões ao adquirir produtos e serviços com valores 30% mais baixos que os preços de referência.


 



Outras despesas que foram elevadas em 2006 devem voltar a seu ritmo normalidade. É o caso dos esforços realizados pelo governo Lula para recompor as perdas nos salários do funcionalismo público — congelados durante os oito anos do governo Fernando Henrique —, que possibilitaram uma condição mais equilibrada hoje no que se refere aos reajustes futuros.


 


“Não precisaremos dar os pinotes que foram necessários para atender à necessidade do nosso funcionalismo. Fizemos reajustes importantes no que diz respeito aos salários, que vão nos dar hoje uma situação mais equilibrada”, afirmou Garcia. Nesses três anos e meio, o governo do presidente Lula patrocinou uma política de valorização do funcionalismo, com um eficiente plano de cargos e salários.


 


Ao contrário, a oposição prega um corte radical nos gastos públicos. O assessor econômico de Geraldo Alckmin, Yoshiaki Nakano, manifestou, no dia 10 de outubro, a intenção de promover um corte de gastos equivalente a 3% do PIB (R$ 60 bilhões).


 


“O Nakano falou alto o que eles todos estão pensando baixo para não trazer prejuízo para a campanha eleitoral, ressaltou Garcia. “ Mas o prejuízo de certa maneira está feito e não foi feito por nós. Foi feito por eles. A proposta de Nakano de corte significaria concretamente cortar três anos de Bolsa Família.”


 


Em seu programa de governo, Alckmin defende cortes ainda maiores: de 4,4% do PIB (Produto Interno Bruto). Se aplicado em quatro anos, implicaria em um corte de gastos anuais equivalente a 1,1% do PIB, o que provocaria uma choque recessivo na economia.


 



Privatizações


 


Marco Aurélio Garcia afirmou ainda que as privatizações do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso deixaram de cumprir as metas a que se propunham, em especial a redução do déficit fiscal brasileiro. Garcia reiterou que há indícios de que a campanha do tucano Geraldo Alckmin irá retomar o programa de privatizações.


 


Dados do Banco Central mostram que o processo de privatização do governo FHC foi responsável pela arrecadação de US$ 71 bilhões pelo Estado. O valor, lembra Garcia, supostamente seria aplicado para resolver a situação fiscal do país. “Mas essa situação não só não foi resolvida, como foi agravada”, lembra.


 


No final do primeiro mandato de FHC, a dívida líquida era de 41% do PIB (Produto Interno Bruto). No final do segundo mandato, subiu para 55% do PIB. “Então é justo que se pergunte a que essa privatizações serviram em respeito a esse tema específico da resolução da questão fiscal”, afirma o coordenador.


 


Questionado, Garcia disse que não é o caso de discutir reestatização. “O mal está feito. E o mal está na forma com que foi feita [a privatização] e também em resultados obscuros nesse processo.”


 



Terrorismo eleitoral


 


O coordenador da campanha Lula denunciou um caso de terrorismo eleitoral praticado pelo site do tucano Geraldo Alckmin. Nele, há uma seção que disponibiliza jornais com ataques a Lula e à sua campanha. O site incentiva a impressão e a divulgação do material, que, uma vez reproduzido, passa a ser material apócrifo. Até ontem, o site tucano utilizava o título “Pau no Lula”. Hoje, a expressão foi alterada.


 


“Nós aqui assumimos as coisas que dizemos. Eles estão aqui propondo que se divulgue sem crédito e que se trate de fugir ao debate institucional”, avaliou Garcia.


 


O coordenador afirmou ter conhecimento que, além da internet, em muitas igrejas tem havido distribuição de panfletos. “Isso sim é guerra suja. O que nós estamos propondo é outra coisa.”


 


Jornalistas manipulam declarações


 


Em nota, Marco Aurélio também criticou a atitude dos jornalistas que cobriram a coletiva de imprensa na qual falou sobre questões econômicas. O coordenador da campanha de Lula viu na ação dos jornlaistas uma clara intenção de manipular suas declarações com o objetivo de criar atritos na campanha pela reeleição. As manchetes de hoje dos principais jornais do país comprovam que Mrco Aurélio tinha razão para desconfiar.


 


Veja abaixo a nota que Marco aurélio distribuiu ontem à noite à imprensa:


 




Desfazendo leituras de minha entrevista
por Marco Aurélio Garcia



Alguns jornalistas presentes ao encontro que tive com a imprensa hoje (12/10) no início da tarde pretendem estabelecer contraste entre as posições do Programa de Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, do qual fui coordenador, e as do Presidente no que se refere à suposta necessidade de redução no gasto público no próximo Governo.


 


No encontro, adverti que o  atual Governo já vem operando uma racionalização do gasto público a partir de uma gestão mais eficiente da máquina estatal, citando vários exemplos.


 


Mencionei que depois de oito anos de arrocho salarial, o Presidente Lula havia reposto em grande medida as perdas do período FHC, ao mesmo tempo em que reorganizou várias carreiras, com planos específicos que devolvem dignidade e eficiência a inúmeros setores do funcionalismo público da União. A conclusão lógica é que, no futuro, os aumentos salariais – que continuarão – se darão em um ritmo normal, isentos de saltos que foram necessários para repor perdas passadas.


 


Insisti, finalmente, que um dos fatores fundamentais para a redução do gasto público está vinculada ao prosseguimento da política de queda da taxa de juros.


 


Percebendo o tom de algumas perguntas e as tentativas de opor-me àquilo que historicamente defendemos, reiterei que o equilíbrio fiscal que logramos até agora será mantido combinado com  o crescimento da economia em um patamar bastante mais elevado, que nos permitirá manter e ampliar as políticas sociais do Governo e expandir o processo de distribuição de renda, inclusive por meio de ganhos reais nos salários.



Marco Aurélio Garcia
Coordenador da Coligação “A força do povo” e presidente do Partido dos Trabalhadores