Museu chinês recupera o mais famoso retrato de Mao Tsé-Tung

O Museu Nacional da China adquiriu, após uma longa polêmica, o retrato original de Mao Tsé-Tung que serviu de modelo para a entrada da Porta Vermelha da CIdade Proibida, na Praça da Paz Celestial, informou hoje o jornal Nova Pequim.

O museu, situado na ala oriental da praça, incluirá a partir de agora em sua coleção o quadro pintado nos anos 50 por Zhang Zhenshi, então ''pintor de câmara'' do Grande Timoneiro.

A obra esteve durante décadas nos Estados Unidos e era propriedade de um colecionador americano de origem chinesa. Houve uma tentativa de leilão em Pequim no primeiro semestre, que gerou uma grande polêmica. Muitos cidadãos chineses se opuseram à idéia de que a quase sagrada imagem de Mao fosse vendida pelo maior lance.
Sob pressão da imprensa e da opinião pública, a casa de leilões Huachen decidiu cancelar o leilão e vender diretamente a obra às autoridades chinesas.

Os diretores do museu não revelaram o valor da compra. Mas a avaliação é de algo próximo a US$ 150 mil, preço mínimo previsto no fixar no leilão.

Os especialistas do museu afirmaram na quarta-feira que o quadro ''tem um significado especial na história das artes da China no século 20'', além de um grande valor histórico, o que justificou a aquisição.

Reproduções mais ou menos fiéis do quadro decoraram a famosa porta vermelha da Praça da Paz Celestial durante os anos 50 e 60. Elas eram trocadas periodicamente, para evitar deterioração da reprodução.
 
O quadro atualmente em exibição na Praça da Paz Celestial é similar ao original. Mas apresenta uma ligeira variação: o anterior apresentava Mao ligeiramente inclinado, mostrando apenas uma orelha, enquanto no atual o falecido líder olha completamente de frente, e aparecem as duas orelhas.

A mudança aconteceu durante a Revolução Cultural (1966-76). Segundo os historiadores, o objetivo foi ''demonstrar que Mao escutava o que dizia todo o povo e não só os poucos escolhidos''.
O Escritório Estatal de Relíquias Culturais, que decidiu recuperar o quadro, promove atualmente uma agressiva campanha para recuperar as diversas obras de arte chinesas levadas ilegalmente a outros países nos séculos 19 e 20. São mais de 1 milhão, segundo os cálculos das autoridades.