MG pode ser acionista de fábrica de semicondutores

As obras de instalação da Companhia Brasileira de Semicondutores (CBS), que fabricará em Lagoa Santa o principal componente de chips de computadores, mediante investimentos de US$ 400 milhões a US$ 500 milhões, devem ter início ainda neste ano.


    A expectativa é do sócio-diretor da CBS, Wolfgang Sauer, que acrescenta que tudo depende da publicação da medida provisória com benefícios para o setor de semicondutores, em preparação na Casa Civil da Presidência da República. Ainda de acordo com Sauer, o Estado de Minas Gerais e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverão ser acionistas minoritários do empreendimento.


 


    O secretário de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Wilson Brumer, afirmou que a participação acionária do Estado no projeto será encaminhada para aprovação da Assembléia Legislativa quando tudo estiver definido. De acordo com Brumer, a fatia de Minas Gerais deverá corresponder aos investimentos feitos pelo Estado para viabilizar o projeto, como infra-estrutura e terreno. Ele ressaltou ainda que a permanência do Estado como acionista será temporária, pois esta não seria uma função do Governo.


 


    A provável participação estatal na CBS não será um caso único no mundo. O setor de semicondutores é considerado estratégico por governos de vários países, que utilizaram a participação estatal como um dos instrumentos para viabilizar bilionários investimentos privados. É o caso, por exemplo, da China, Taiwam e Malásia. Em outros países, financiamentos públicos e doações também foram utilizados.


 


    De acordo com Sauer, por ora o quadro de acionistas da CBS não pode ser revelado, mas os capitais envolvidos na operação são nacionais e europeus. Ele acrescentou que a busca por investidores já foi concluída e que, no momento, faltam ser acertados detalhes do acordo de acionistas. «Estamos na reta final», resumiu Frederico Naves Blumenschein, também diretor da empresa.


 


    Blumenschein lembrou que a produção de semicondutores no Brasil, que importa hoje US$ 3 bilhões anuais destes componentes, terá caráter estratégico. Por conta disto, os idealizadores da CBS querem garantir que a empresa tenha sua direção no país, o que eliminaria o risco de a futura produção ser descontinuada por conta de decisão de uma distante matriz em outra nação. «O importante é que o controle da empresa será nacional», ressaltou Blumenschein.


 


    Os diretores da CBS descartam a possibilidade de a indústria japonesa de semicondutores que deve se instalar no Brasil, como contrapartida à escolha do padrão de TV digital daquele país, participar do quadro de acionistas da fábrica de Lagoa Santa. Entretanto, Blumenschein observou que a CBS terá capacidade tecnológica para produzir os chips que serão demandados pela instalação da TV digital no Brasil.


 


    Blumenschein observou que a implantação da CBS não excluiria a instalação de outras unidades de semicondutores no Brasil, pois a capacidade de produção da empresa deverá atender a 5% ou 6% do mercado doméstico. De acordo com o executivo, quando a indústria de Lagoa Santa estiver operando com capacidade máxima, deverá faturar cerca de US$ 300 milhões por ano, dos quais US$ 120 milhões no mercado interno, e o restante com exportações. «Não queremos ser monopolistas. Queremos ser pioneiros», acrescentou Sauer.


 


    A participação do Brasil no faturamento do mercado mundial de semicondutores é de apenas 1%, o que torna fundamental a exportação. «Uma indústria de semicondutores tem que exportar. É um mercado global», afirmou Blumenschein.


 


Fonte: Jornal Hoje em Dia