Palhaçada em Bagdá: Juiz é substituído a mando de primeiro-ministro

Os advogados de defesa do presidente deposto do Iraque, Saddam Hussein, foram surpreendidos nesta quarta-feira (20/9) com a substituição do juiz, durante a abertura da sessão do tribunal instalado pelos americanos para pretensamente julgar Hussein e me

Mohammed Oreibi al Khalifa, um advogado xiita, ocupou a cadeira de Abdullah al Amiri, que na semana passada foi acusado pela promotoria de ser ''condenscendente'' com os acusados. A troca causou irritação e protestos dos advogados de defesa que, ao não receber explicações do motivo da mudança, abandonou o ''julgamento'' em protesto contra a mudança do juiz.


 


O primeiro-ministro iraquiano, de acordo com a mídia do país, é o responsável pela remoção de Abdullah al Amiri. Um dos sites da resistência iraquiana, o uruknet.info, questiona a propalada “democracia” do país, que permite que o poder legislativo tenha interferência direta do poder executivo. “Que tipo de governo democrático permite que o poder executivo controle o poder judiciário, a ponto de remover um juiz no meio de um processo porque ele é 'condenscendente' com o réu?”, questiona o site.


 


A medida fez com que ressurgissem as denúncias que o governo interfere no julgamento para assegurar-se que Hussein e os membros de seu governo serão julgados culpados.


 


O Uruknet.info cita também o caso do juiz do primeiro julgamento, ainda não finalizado, que também foi removido pelo mesmo argumento, de que era condenscendente com o réu.


 


Corte injusta


 


A sessão de hoje seria a 9ª do caso ''Operação Anfal'', nome da campanha de ataques maciços lançados pelo Exército iraquiano entre 1987 e 1988 contra a guerrilha separatista curda no norte do Iraque.


 


Saddam e outros seis réus — entre eles seu primo Ali al Majid, apelidado no ocidente de ''Ali, o Químico'' — podem ser condenados à morte por terem lançado a Operação e supostamente terem sido responsáveis pela morte de milhares de curdos.


 


Logo após o início da sessão de hoje, a equipe de defesa questionou a imparcialidade do julgamento. ''Nós não esperamos que esta corte seja justa, por isso decidimos nos retirar deste julgamento'', afirmou o advogado de defesa Wadoud Fawzi, lendo um comunicado.


 


Em seguida, Saddam afirmou que desejava que seus advogados ficassem na corte e discutiu com Al Khalifa, que o expulsou da sala de audiência.


 


O primo de Saddam, ''Ali, o Químico'', disse que também rejeitava ser defendido por advogados indicados pela corte, mas decidiu permanecer. ''Eu ficarei [na corte], mas me recusarei a dizer qualquer coisa ou a me defender, e aceitarei qualquer veredicto, mesmo que a pena de morte''.