Mulheres quebram tabu e entram na bateria da Mangueira

O último bastião do machismo nas baterias de escolas de samba está caindo. A Mangueira, que nunca aceitou mulheres como ritmistas em seus quase 80 anos de história, tem feito eliminatórias para selecionar aquelas que, no Carnaval de 2007, quebrarão o long

“Chamavam de tradição, mas era preconceito enrustido. E onde puder provocar [fustigar] o preconceito, eu provoco”, diz o compositor Ivo Meirelles, que assumiu neste ano a presidência da bateria. Para ele, o veto era uma seqüela dos tempos em que “mulher não podia botar calça comprida”.



Na Mangueira, até visitar a área da quadra onde ficam os ritmistas era proibido. Mas Meirelles não os culpa. “Eles apenas seguiam uma regra, mas aceitaram bem a mudança”, diz o líder do Funk'n Lata.



Na eliminatória da última quinta-feira (14/9), numa casa de shows da Lapa (centro do Rio), ritmistas experientes pareciam querer ajudar as nove candidatas, que tocaram ao lado deles por mais de uma hora. Ao final, venceram as que já eram do ramo. “Toco há 14 anos com Jorge Aragão, mas nunca saí em nenhuma escola porque queria a Mangueira”, comemorou Márcia Viegas, 35, sobrinha do compositor Nei Lopes. Ela tocará repique. Daniele de Souza, no tamborim, foi outra vitoriosa. Na próxima quinta, mais duas serão escolhidas para formar o time de 11 novidades.