Após tensão com o Brasil, Bolívia troca ministro de Hidrocarbonetos

O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, nomeou Carlos Villegas Quiroga como novo ministro de Hidrocarbonetos, em ato realizado nesta sexta-feira (15/9), em La Paz, no qual avisou às empresas multinacionais que o governo será “duro” na nacional

Villegas, até então titular da pasta de Planejamento para o Desenvolvimento, substitui Andrés Soliz Rada, que disse ter renunciado por “razões pessoais”. Para o lugar de Villegas, García Linera nomeou Hernando Larrázabal Córdoba, que era vice-ministro de Planejamento.



Em seu discurso, o vice-presidente boliviano opinou que, com a saída de Soliz, termina uma etapa e começa uma nova. A nomeação das novas autoridades “fecha um círculo de gente comprometida” com a nacionalização das reservas de gás natural e petróleo, afirmou.



García Linera acrescentou que a nacionalização continua em andamento, e nada vai interromper seu processo. “Aconteça o que acontecer, a decisão é irreversível e o governo vai cumprir o papel histórico de recuperar os recursos energéticos”, prometeu.



Flexibilidade e tolerância
O presidente em exercício avisou às empresas que operam na Bolívia que as autoridades do Governo socialista têm “ampla capacidade de negociação”, que são “flexíveis e tolerantes”, mas garantiu que também serão “intransigentes quando for necessário”.



Soliz deixou o cargo um dia depois de García Linera suspender uma resolução ministerial que dava à estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) o controle absoluto da comercialização de combustíveis líquidos.



A decisão, que afetava os negócios da Petrobras, foi criticada pelo governo brasileiro, que chegou a ameaçar com medidas duras se a Bolívia mantivesse a sua posição.



O novo ministro de Hidrocarbonetos confirmou que na segunda-feira continuarão as negociações com as petrolíferas, como haviam sido programadas por Soliz. Primeiro, ele se reunirá com os executivos da empresa Andina, filial da hispano-argentina Repsol YPF.



A renúncia de Soliz e a posse de Villegas é a primeira mudança importante no gabinete de ministros do presidente Evo Morales, que se encontra em Cuba.