Marqueteiro de Alckmin reconhece que debate foi um fiasco

O jornalista Luiz Gonzalez, responsável pela comunicação da campanha do candidato Geraldo Alckmin (PSDB), avaliou que o debate entre os candidatos à presidência, realizado ontem (13) pela TV Gazeta, foi chato e disse ainda que o pro

A 18 dias da eleição, o debate entre candidatos à Presidência da República, realizado pela TV Gazeta na quarta-feira, foi marcado pela monotonia, pelas previsíveis críticas à ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e por poucos ataques entre os presentes.


 


Assessores dos presidenciáveis não se furtaram a comentar que o programa, de duas horas de duração, foi ''chato'' e ''monótono''.


 


Mm indício revelador de que o debate foi um fiasco, é o fato de que a página principal do site da TV Gazeta não traz absolutamente nenhum comentário sobre o debate de ontem.


 


Participaram do debate Geraldo Alckmin (PSDB), Heloísa Helena (PSOL) e Cristovam Buarque (PDT). A apresentadora, Maria Lídia, afirmou que Lula, líder das pesquisas de intenção de voto, ''sequer respondeu ao convite'' da emissora e a bancada que corresponderia ao petista foi mantida vazia durante todo o programa. Os outros quatro candidatos que concorrem à Presidência não foram convidados por não terem representação no Congresso, como prevê a regra eleitoral.


 


Também foi sentida a ausência de lideranças de peso no lado tucano. Os presidentes dos partidos que formam a coligação de apoio a Alckmin não compareceram, ao contrário do debate realizado na TV Bandeirantes em agosto, o único do gênero até agora, quando Tasso Jereissati (PSDB) e Jorge Bornhausen (PFL) estiveram presentes. O tucano mais graduado na platéia da TV Gazeta foi o senador Sergio Guerra (PSDB-PE), coordenador-geral da campanha.


 


''Está monótono'', disse Guerra em entrevista durante o debate. Ainda assim afirmou que um programa do gênero é melhor que um comício, por reunir maior público.


 


Mais do mesmo


 


Os principais ataques a Lula ocorreram no início do programa e tiveram como alvo as denúncias de corrupção que pesam sobre o governo.


 


''O senhor Luiz Inácio Lula da Silva tem em sua coligação o nome de a Força do Povo e se nega a vir debater diante do povo. Do quê tem medo o presidente Lula ao fugir dos debates sistematicamente? Das acusações que poderiam pesar sobre ele? Das cobranças que poderiam ser feitas sobre ele?'', disparou Cristovam Buarque, ex-petista que não consegue passar de 1 por cento nas pesquisas de intenção de voto.


 


Heloísa Helena, com 9 por cento de preferência, foi mais agressiva e arrogante. ''Quero repudiar a ausência do candidato Lula, que tem que aprender de uma vez por todas que tem obrigação de descer do seu trono de corrupção, arrogância, covardia política e estar em todos os debates. Ele não tem o direito de se achar melhor do que as outras pessoas, do que os outros candidatos… e aqui não está para ser desmascarado''.


 


Já Alckmin, principal adversário do petista, com 28 por cento nas pesquisas, manteve seu estilo insosso, que lhe rendeu o apelido de ''picolé de chuchu''. ''Lamento que o candidato Lula, que fez promessas enormes há quatro anos, a maioria delas não cumpridas, que teve cinco ministros indiciados ou denunciados pela polícia, não venha ao debate exatamente para não tratar desses temas''.


 


O tucano também precisou dar explicações sobre seu tratamento em relação ao governo Lula. Ele negou que os ataques amenos sejam receio de um revide petista em relação à sua administração em São Paulo.


 


''Não há nenhuma vulnerabilidade no governo, aliás, 12 anos de governo (tucano) em São Paulo pautado pela ética, pela correção, pelo trabalho''. E emendou: ''Mas é dever de todo brasileiro combater a corrupção, não são fatos isolados, é uma estrutura de poder autoritária. O que é o mensalão, é querer comprar o outro poder, é submeter o poder Legislativo ao Executivo. Há uma lista telefônica de corrupção''. Por mais de uma vez, Alckmin citou o caso, que está sendo investigado, das revistas produzidas pelo governo federal que foram enviadas ao PT para distribuição.


 


Fim da reeleição


 


Questão polêmica para a qual já deu respostas contraditórias, o instrumento da reeleição voltou a ser tema de questionamento a Alckmin. Desta vez, disse ser contrário.


 


''A minha proposta de reforma política terá fidelidade partidária, voto distrital misto e fim da reeleição''. E voltou ao tema para reafirmar: ''Eu entendo que, mantida a atual regra, sem o mínimo de regulamentação, eu sou contra. Se eu fosse votar no Congresso Nacional, votaria contra''.


 


Ele, no entanto não respondeu a uma pergunta sobre um suposto acordo entre o PT e o PSDB que estaria em curso para um eventual segundo mandato de Lula e que prevê sua derrota. Preferiu reprisar o bordão ''a eleição está começando… Vamos ter segundo turno e então quem vai ganhar é o eleitor''.


 


''Desesperadamente''


 


Cristovam Buarque protagonizou alguns dos poucos momentos de descontração, como quando pediu votos para os demais candidatos. ''Vamos tentar convencer um número maior de pessoas a votar na educação (seu lema). Se não conseguirem, peçam voto para esses outros que estão aqui, porque o Brasil precisa desesperadamente do segundo turno''.


 


Ao final, o jornalista Luiz Gonzalez, responsável pela comunicação da campanha de Alckmin, avaliou que o debate foi chato e disse que o programa não deve ter influência sobre a intenção de voto no tucano. Deu três razões: baixa audiência da emissora, estimada em 1 por cento de TVs ligadas; o horário tardio (das 23h a 1h); e perfil do público, que viu por curiosidade ou dever de ofício e já tem candidato.


 


Já o deputado Ivan Valente (PSOL), que assessorou Heloísa Helena, achou positivo o programa, mas admitiu que ''sem Lula perde impacto''.


 


A TV Gazeta está presente em dez Estados (SP, MG, MT, GO, PE, PR, RJ, SC, RS, RR) além do Distrito Federal, mas é tida como uma emissora eminentemente paulista. O próximo e último debate está marcado para 28 de setembro na TV Globo.


 


Com informações da Reuters