Promotor diz que juiz favorece Saddam Hussein em julgamento

O chefe da promotoria no julgamento de Saddam Hussein, Munqith al-Farron, exigiu hoje (13/9) a retirada do juiz do processo, alegando indução a favor do presidente derrubado pela invasão e posterior ocupação americana do país.

Hussein foi levado à corte, instalada pelas forças de ocupação, para responder pelo suposto genocídio de 180 mil curdos iraquianos entre 1987 e 1988, em meio à guerra contra o Irã.


 


“Você permitiu que esta Corte se tornasse um pódio político para os réus”, vituperou o promotor Munqith al-Farron para o juiz Abdullah al-Amiri.


 


Al-Farron acusou de Al-Amiri, juiz do processo, de permitir que Hussein fizesse discursos políticos durante o julgamento. “Ontem, por exemplo, em vez de tomar uma atitude legal contra Hussein, você deu a permissão para ele discursar”, insistiu Al-Farron. O promotor alegou que “as ações da corte favorecem os réus”.


 


Após intensas trocas de acusações entre os advogados da promotoria e da defesa, o juiz suspendeu a sessão, que deverá ser retomada amanhã (14/9).


 


Esta semana, o presidente iraquiano repeliu, em pleno tribunal, as tentativas de figuras do governo instalado para mudar a bandeira do país. Dirigindo-se ao juiz, Hussein afirmou que: “a bandeira que está atrás de você, nós a herdamos. Nós não a criamos”. Ele assinalou que a única coisa que houve com a “bandeira herdada”, foi que seu governo aprovou acrescentar o brado que une todos os muçulmanos, “Alah u Akbar” (Deus é Grande), de modo que “ninguém possa removê-lo”. E esse dístico passou a integrar a bandeira há mais de dez anos.


 


Na semana passada, o chefe separatista pró-EUA Massud Barzani, que é uma das autoridades curdas instaladas pelos ocupantes no norte, tirou todas as bandeiras iraquianas e as substituiu por o que chamou de “bandeira nacional” curda. Em seguida, o Jalal Talabani, também curdo e presidente do Iraque, disse que a bandeira tem de ser mudada, “pois essa é a bandeira de Hussein”. Logo no início da ocupação, eles tentaram impor uma outra bandeira, inspirada na de Israel, mas tiveram que recuar diante da indignação do povo.


 


Hussein também destacou que sempre houve muitos curdos no exército iraquiano e em posições-chave de seu governo. Na fase 2 do tribunal-farsa de Bush, os invasores e seus representantes pretendem julgar o presidente iraquiano por ele ter ordenado, durante a guerra com o Irã na década de 80, que as forças iraquianas controlassem a fronteira com o Irã no norte, retirando da área as forças curdas que lutavam ao lado dos iranianos.