Otan não consegue dispor de mais soldados para o Afeganistão

Países integrantes do Pacto Militar do Atlântico Norte (Otan) não ofereceram mais tropas, nesta quarta-feira (13/9), para a “missão da paz” no sul do Afeganistão, e poderão se passar semanas até que reforços sejam efetivamente compromissados pela organiza

“Nenhuma oferta formal estava na mesa”, disse James Appathurai à imprensa. Mas ele disse que existem indicações positivas de que alguns aliados venham a reconsiderar o envio de tropas adicionais.


 


Os ministros de Defesa da Otan vão se reunir nos dias 28 e 29 deste mês na Eslovênia para tentar finalizar as promessas de até 2.500 soldados extras solicitados em regime de urgência pelos comandantes da Otan. Combates diários estão sendo travados contra a resistência afegã. Recentes batalhas deixaram 30 integrantes da força de ocupação mortos.


 


Appathurai disse que mais tropas, helicópteros de ataque e aviões de transporte incrementariam a mobilidade da Otan em solo, mas ele afirma que as tropas novas não seriam necessárias para completar a ofensiva contínua contra talibãs na região de Kandahar.


 


“A operação está indo bem e conseguindo alcançar seu objetivo operacional”, disse ele, acrescentando que dois terços do território da região estão dominados pela Otan.


 


Na terça-feira, a secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, declarou que o Ocidente está “pagando o preço” por ter deixado o Afeganistão “sozinho” depois que as forças soviéticas se retiraram do país, no fim da década de 80. O governo de Cabul, leal a Moscou, ainda se manteve de pé até 1992, quando foi derrubado por coalizões de senhores de guerra que hoje integram parte do governo e parte da resistência.


 


O Afeganistão é ocupado hoje por 20 mil soldados americanos e 20 mil da Otan. Tropas do pacto militar estão ocupando também o Iraque, o Kosovo, a Bósnia, o Congo e o Líbano.


 


Blair quer compromisso


 


O primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, disse hoje que “é importante o compromisso militar da Otan no Afeganistão”, e afirmou que as nações que fazem parte da Aliança têm o dever de atender a mais “pedidos” de ajuda.


 


Em declarações à imprensa em sua residência de Downing Street, Blair disse que é de “fundamental importância” a presença no Afeganistão para a segurança de seu país, mas insistiu em que “é importante que toda a Otan considere isso sua responsabilidade”.


 


“O compromisso britânico no Afeganistão é importante. (As tropas) estão causando dano real aos talibãs e à Al Qaeda”, acrescentou.


 


“Não deveríamos nos esquecer de que a razão pela qual nossas tropas estão no Afeganistão, junto com outras nações da Otan, é porque do Afeganistão veio o terrorismo do 11 de setembro (de 2001)”, disse o primeiro-ministro britânico.


 


Blair acrescentou que as forças britânicas “lutam em circunstâncias difíceis”.


 


Antes, um porta-voz oficial disse que Londres apóia o pedido da Otan sobre o envio de mais forças ao Afeganistão, mas considera que o Reino Unido já fez sua contribuição.


 


“Apoiamos o secretário-geral da Otan (Jaap de Hoop Scheffer). Se a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) precisa de tropas, então deveria tê-las”, acrescentou o porta-voz.


 


Em declarações na terça-feira à emissora britânica BBC, o secretário-geral da Otan não quis falar de números, mas disse que são necessárias mais forças, porque a resistência é maior que a esperada.


Desde meados do ano, a Isaf — sob comando da Otan – controla ga segurança em 85% do território afegão, e sua missão é estender a autoridade do Governo e criar um clima favorável à reconstrução do país.


 


O Reino Unido, que assumiu em maio passado o comando da Isaf, tem cerca de 4.000 soldados no sul afegão, onde a situação de segurança piorou nos últimos meses.