Lula vê “marco histórico” na cúpula Índia-Brasil-África do Sul

O presidente Luiz Inácio Lula sa Silva qualificou de “marco histórico” seu encontro desta quarta-feira (13) com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e o presidente da África do Sul, Thabo Mbeki. Os governantes participam em Brasília do Ibas (Fóru

O discurso de Singh destacou que um dos pontos fortes do encontro é a área de energia. Ele citou como exemplos a liderança do Brasil na produção de etanol, a tecnologia da África do Sul nesse setor e os conhecimentos da Índia na produção de energia solar e eólica. “O Ibas pode mostrar nossa força nessas tecnologias energéticas”, afirmou.



O nascedouro do G-20



“Para mim, essa reunião é um marco histórico”, afirmou Lula. Ele disse não saber quando os três países tiveram tanto interesse uns pelos outros, mas “o fato de nós três estarmos aqui é a afirmação pública de que nós acreditamos na relação Sul/Sul e que o Ibas veio para ficar.



A articulação diplomática entre os três países, mais tarde batizada de Ibas, surgiu em 2003, em Brasília, e esteve no nascedouro do G-20 — articulação dos países em desenvolvimento contra as práticas protecionistas do Primeiro Mundo no âmbito da OMC (Organização Mundial do Comércio).



O G-20 acaba de se reunir no Rio de Janeiro, com representações de 28 países, para enfrentar o colapso na Rodada de Doha das negociações da OMC. “Nossa atuação conjunta na criação do G-20 modificou a dinâmica das negociações comerciais e consolidou os países em desenvolvimento como interlocutores indispensáveis para o avanço da Rodada de Doha. Passamos a falar de igual para igual com os países ricos”, valorizou Lula na sua fala.



Comércio é pequeno mas cresce rápido



A índia, com um crescimento de 7,6% do seu PIB em 2005 (US$ 720 bilhões em números absolutos, mais que os US$ 620 bilhões do Brasil), tem sido citada ao lado da China por seu acelerado crescimento econômico recente. Já a África do Sul possui o maior PIB do continente africano (US$ 187 bilhões, crescimento de 4,9%) e vive, com a queda do partheid e o regime do CNA, uma experiência que já foi comparada à do Brasil de Lula.



O comércio entre os três países ainda é reduzido — a participação da Índia e da África do Sul corresponde a apenas 2% do total das exportações brasileiras — mas está crescendo. O volume do comércio Brasil-Índia saltou de US$ 400 milhões, no início desta década, para US$ 2,3 bilhões no ano passado.