Proeza: “Ben-Hur” será encenado ao vivo em estádio de futebol

O filme, superpremiado, brilhou ao mostrar Charlton Heston vencendo a mais famosa corrida de bigas da história do cinema. Isso foi há 47 anos. Transformado agora em megaprodução teatral, Ben-Hur ganha novo desafio: será reencenado em versão ao vi

Com montagem do veterano empresário do setor artístico Robert Hossein, o espetáculo terá escala bíblica e um elenco de centenas de pessoas. Hossein repetirá as cenas que tornaram o filme famoso, como uma batalha marítima, um combate de gladiadores na Roma antiga e uma corrida de bigas na arena de 15 mil metros quadrados. “Posso lhes dizer que há cenas no espetáculo que são de tirar o fôlego”, disse Jean-Christophe Giletta, do Stade de France Productions, que está montando o show.


 


A previsão é de que Ben-Hur lote o Stade de France. Os organizadores esperam cerca de 60 mil espectadores para cada uma das cinco noites de apresentação, a partir de 22 de setembro. Robert Hossein, com quase 80 anos, pode não ser sutil, mas representa uma tradição que data do teatro de revista e os melodramas populares dos chamados “teatros de boulevard” parisienses do século 19. Seu ritmo de trabalho tem sido incansável ao longo de uma carreira de quase 60 anos.


 


Os críticos intelectualizados franceses freqüentemente fazem pouco caso desse ator e produtor – que se especializou em espetáculos grandiosos sobre temas religiosos ou históricos. A tradição vem desde Um Homem Chamado Jesus até De Gaulle, o Homem que disse Não ou Eu me Chamava Maria Antonieta. Mas o sucesso de Hossein tem sido inegável. Um Homem Chamado Jesus atraiu 700 mil espectadores.


 


“Maior que a Lenda”
A publicidade do novo Ben-Hur diz que se trata de algo “Maior que a Lenda”. O espetáculo gira em torno do príncipe judeu Judah Ben-Hur, que é preso depois de um atentado a um líder romano e jura vingança. A história mostra, de forma épica, seus triunfos sobre os perseguidores de Roma. Parece um tema apropriado para as ambições de Robert Hossein.


 


Ben-Hur é universal, é internacional. Todo mundo sabe o que é, mas ninguém ousou montar um espetáculo como este até hoje”, disse Jean-Christophe Giletta, acrescentando que está sendo negociado o envio do show para o exterior, incluindo Estados Unidos e Ásia. O treinamento dos cavalos usados na corrida de bigas levou nove meses num centro eqüestre especial próximo a Paris. Na corrida, que dura 14 minutos, o romano Messala, inimigo de Ben-Hur, cai de sua biga e é arrastado pelo chão.


 


“Não é como no cinema, onde, se você erra uma tomada, pode refazê-la”, explicou Giletta. “Aqui, será uma corrida de bigas ao vivo todas as noites.” Ele contou que, após meses de preparativos, os produtores acreditam que nada dará errado. Mas não deixa de persistir algum nervosismo. “Cavalos, você sabe como é. Você pode treiná-los muito, mas eles continuam sendo cavalos”, disse. “Haverá 60 mil espectadores à volta deles durante a corrida – então é claro que existe um elemento desconhecido em ação”.


 


Ben-Hur é baseado num romance do general Lew Wallace, herói da Guerra Civil Americana. No início do século 20, cenas do livro eram mostradas em espetáculos teatrais. Mas a versão mais famosa foi o filme de 1959, estrelando Charlton Heston no papel-título. A produção ganhou 11 Oscars – um recorde que só foi igualado em 1998, por Titanic, e em 2004, por O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei.