Pré-programa de Heloisa recua de proposta de manifesto

Motivo de conflito na Frente de Esquerda (PSOL-PSTU-PCB), o pré-programa de governo da candidata à Presidência, senadora Heloísa Helena (AL), tornou-se um recuo em relação ao Manifesto da Frente de Esquerda lançado em junho pela coligação.

O pré-programa do PSOL mistura proposições moderadas, como o pagamento da dívida externa, com pontos mais à esquerda, como a revisão da exploração petrolífera por estrangeiros. O material ainda não é definitivo, porque o PSTU resiste a apoiá-las. Do documento em discussão – “Para governar e mudar o Brasil” – elaborado pelo candidato a vice, César Benjamin, não constam pontos como a reestatização da Vale do Rio Doce e o controle sobre setores estratégicos da economia, que estavam no primeiro texto da coligação.


 


“O reiterado anúncio de que o Brasil entrou em uma nova fase de crescimento é uma farsa”, afirma Benjamin no documento de 66 páginas, que circula reservadamente entre dirigentes da campanha há cerca de dez dias. “Em primeiro lugar, não há crescimento, pois a renda per capita continua virtualmente estagnada. Em segundo, o que está aí não se sustentará.”


 



Ontem, com um debate no Rio, o PSOL começou a discutir a proposta e a preparar a possibilidade de um acordo com o PSTU sobre alguns pontos para lançar o documento nos próximos dias. A data inicialmente pensada para o evento, 7 de setembro, foi deixada de lado depois que o partido aliado avisou ao PSOL que não aceitaria o novo programa.


 



No domínio da macroeconomia, o pré-programa do economista Benjamin prega propostas como o controle da entrada e saída de capitais do Brasil, a “redefinição institucional” para que o Banco Central opere solidariamente ao Estado, redução rápida das taxas de juros para níveis internacionais, “flutuação administrada” do câmbio e uso da folga fiscal aberta pela queda dos juros para financiar um programa de investimentos e renegociar as dívidas de Estados e municípios com a União. Benjamin também propõe a correção do salário mínimo por dez anos pela taxa de inflação do ano anterior, mais o PIB per capita, de forma a fazê-lo dobrar “no menor tempo possível”.


 



Em lugar da defesa da economia estatizada, o texto de Benjamin diz que “o Estado não precisa controlar diretamente a maior parte da base produtiva”. “A sociedade deve poder combinar diferentes mecanismos de alocação de recursos, entre os quais o planejamento e o mercado, na forma de uma economia mista”, afirma.


 



O documento contrasta com a maior parte das proposições contidas no manifesto “Por uma alternativa para o Brasil”, no qual a Frente de Esquerda defendeu, além da auditoria na dívida externa, a suspensão do seu pagamento.


 


Fonte: Agência Estado