Blair leva vaia em congresso da central sindical britânica
O primeiro ministro britânico, Tony Blair, teve de sair por uma porta lateral, nesta terça-feira (12), depois de levar uma estrondosa vaia no congresso anual dos sindicatos do país. Houve também alguns aplausos. A maioria dos delegados, segundo a imprensa
Publicado 12/09/2006 17:34
Trinta dos 700 delegados deixaram o local do Congresso, na cidade britânica de Brighton, assim que Tony Blair entrou, seguidos por um batalhão de fotógrafos e cameramen. Blair, irônico, agradeceu “a introdução”.
“Para que ouvir se você não acredita?”
Bob Crow, dirigente do RMT, justificou a decisão de abandonar a sala. “Qual é o sentido de se escutar alguém quando você não acredita numa só palavra do que ele diz?”
“Na oposição, Blair prometeu ferrovias estatais, uma política externa ética e uma legislação trabalhista plena. Mas ele promoveu a privatização, guerras ilegais e se jacta de que a Grã-Bretanha tem a mais dura legislação anti-sindicatos da Europa”, argumentou Crow.
Em seguida soaram mais vaias, quando Blair abriu seu discurso com uma homenagem aos soldados britânicos mortos no Iraque e no Afeganistão. Junto com elas surgiram gritos e cartazes pedindo a retirada imediata das tropas que auxiliam a ocupação estadunidense nesses países. No plano específico, os sindicalistas acusam Blair de “ignorar” os problemas do mundo do tabalho.
Última visita, “para o alívio de todos”
O movimento sindical britânico, reunido na central TUC (Trade Union Congress), possui relações mais que seculares com o Partido Trabalhista, que levou Tony Blair à chefia do governo. O TUC, que reúne 66 sindicatos nacionais, com perto de 7 milhões de filiados na base, contribui inclusive financeiramente para os trabalhistas.
As relações governo-TUC, porém, sempre foram tensas e ultimamente se acirraram. A tal pronto que Blair anunciou, antecipadamente, que este seria “o seu último congresso, provavelmente para o grande alívio de todos”.
Presidente da central defende “realizações”
O Congresso aprovou por esmagadora maioria a convocação de uma greve dos 1.400 empregados do serviço logístico de saúde NHS, que está a ponto de ser vendido para uma empresa alemã, numa operação autorizada pelo governo. O protesto aponta a má-vontade dos trabalhadores com a política de privatizações seguida pelos trabalhistas.
Porém a presidente do TUC, Gloria Mills, foi conciliatória. Disse que os delegados jamais deveriam esquecer as “realizações do governo” durante a longa gestão de Blair, como o salário mínimo nacional e a estabilidade monetária.
Com agências