México: Partidários de Obrador não impedirão parada militar

Manifestantes mexicanos vão relaxar um imenso protesto de ocupação realizado no centro da capital, de forma a permitir uma parada do Exército. É uma concessão que reduz a chance de manifestações violentas por causa de uma suposta fraude eleitoral.

Os partidários do progressista Andrés Manuel López Obrador paralisam há semanas o centro da cidade do México, acampando nas ruas principais em protesto pela derrota apertada sofrida por ele na eleição presidencial de 2 de julho para o conservador Felipe Calderón.


 


Os protestos têm sido pacíficos, mas havia apreensão quanto à possibilidade de que um desfile militar tradicional pelo centro da cidade no dia da independência do México, 16 de setembro, se tornasse um momento emocional com o potencial de haver violência entre progressistas e soldados.


 


López Obrador – que prometeu tirar os pobres mexicanos da miséria – pediu a seus partidários para que suspendessem os protestos e deixassem o Exército realizar a parada militar, que acontece todos os anos nas ruas centrais e na praça Zócalo. “Não temos um problema com a instituição militar, com o Exército mexicano”, disse aos manifestantes. “Devemos estar muito conscientes de que a maioria dos soldados pertence ao povo, que são filhos e parentes das pessoas do nosso movimento”, afirmou.


 


Seus partidários realizarão uma convenção na praça depois de a parada militar passar, em 16 de setembro, disse López Obrador. Mas ele chamou protestos no local para um dia antes, quando o presidente Vicente Fox deve fazer o seu discurso anual à nação, que é carregado de valor simbólico.


 


Fraude
Obrador e seus simpatizantes acusam Fox de participar de uma fraude que levou o candidato Calderón, do partido do governo, a vencer a eleição por apenas 234.000 votos, num total de 41 milhões. É provável que ele receba uma recepção dura na cerimônia.


 


Na semana passada, a justiça eleitoral anunciou que Calderón é o presidente eleito, descartando as alegações de López Obrador de que houve fraude. Não cabe recurso contra esse veredito e o conservador deve ser empossado em 1º de dezembro, mas López Obrador disse que vai criar um “governo paralelo” para resistir ao de Calderón.