EUA admitem: Talibãs estão mais organizados no Afeganistão

Após mais um dia sangrento no Afeganistão – com a morte de quase cem talibãs e um governador -, a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, admitiu o óbvio. Os talibãs “estão mais organizados e com mais capacidades “, cinco anos após a queda

As afirmações foram feitas neste domingo (10/9). Em declarações, razoavelmente tardias, a programas de TV, Condoleezza citou as ondas de ataques que ocorrem no Afeganistão. “Os talibãs têm mais capacidade do que pensávamos”, admitiu. Ainda que eles criem problemas no sul do país, “estão perdendo”, na visão dos Estados Unidos. A idéia de que os talibãs representam “uma ameaça estratégica para o governo de Karzai é, para mim, equivocada”, opinou Condolezza.


 


Violentos combates provocaram a morte de cerca de cem talibãs no sul do Afeganistão, e os rebeldes assumiram a autoria do assassinato de um governador do leste do país. A situação demonstra claramente a deterioração da segurança na região, na véspera do quinto aniversário dos atentados de 11 de setembro de 2001.


 


Os ataques contra Nova York e Washington provocaram, no fim de 2001, a invasão do Afeganistão por uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos. A ocupação permitiu derrubar o regime fundamentalista talibã em algumas semanas e provocou a fuga dos membros da rede terrorista al-Qaida, responsável pelos atentados.


 


Onda de violência
Na véspera do aniversário do mais sangrento atentado terrorista da história, o Afeganistão segue sendo o palco de violências ligadas à rebelião dos talibãs, que se intensificaram nestes últimos meses. Na província de Kandahar, ao sul, as forças da Otan e de segurança afegãs mataram 94 talibãs em violentos combates na madrugada deste domingo, segundo a Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf), dirigida pela Otan.


 


Os confrontos fazem parte da 'Operação Medusa', iniciada em 2 de setembro. Desde aquele dia, cerca de 450 rebeldes foram mortos, segundo a Isaf. 'Medusa' é a maior operação da força internacional desde o dia 31 de julho, quando assumiu o comando das operações militares internacionais no sul do país.


 


A meta da ofensiva é expulsar os talibãs de um de seus feudos, o distrito de Panjwayi e seus arredores. Assim que a segurança for restabelecida, a Isaf conta com o retorno das pessoas deslocadas pelos combates e pretende aplicar um verdadeiro plano de desenvolvimento. A operação vai continuar durante o tempo que a Isaf julgar necessário.


 


“Quando consideraremos nossos objetivos cumpridos, encerraremos a operação”, declarou Mark Laity, o porta-voz civil da Otan em Cabul. Mesmo se eles sofrem duras perdas em confrontos diretos, a maioria deles concentrada no sul do país, os talibãs mostram que ainda podem causar problemas em quase todas as partes do país.


 


Neste domingo, eles reivindicaram um atentado suicida que matou Hakim Taniwal, o governador da província de Paktia, no leste do Afeganistão. Outras duas pessoas morreram no atentado, que também deixou seis feridos. Taniwal era um ex-ministro do Trabalho e dos Assuntos Sociais do presidente Hamid Karzai.