Lula rebate críticas de FHC sobre gastos sociais

O presidente e candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva (PT) procurou rebater hoje parte das críticas feitas em carta aberta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que afirmou faltar ''condições morais'' para o petista. O tucano ta

Lula afirmou que alguns setores da sociedade ficam ''incomodados'' pelo volume de recursos destinados aos programas sociais em seu governo. ''Tem gente achando até que pobre não pode votar porque sabe que vai votar em mim'', disse ele.


 


''Saímos de R$ 7 bilhões, que se gastavam com políticas sociais nesse país, para R$ 23 bilhões. [Tem gente que acha] que tem muito mais coisa para se fazer do que cuidar de pobre. Eu acho que não tem nada mais sagrado que um governo gastar com seus filhos'', disse ele, em ato onde recebeu apoio formal de uma associação de pastores e bispos da Assembléia de Deus, maior igreja evangélica do país.


 


Lula comparou o tratamento que o governo deve dar aos mais pobres, em sua opinião, ao tratamento que uma mãe deve dispensar aos seus filhos. ''Essa é uma lição de vida que a gente não aprende na universidade e nem no curso de pós-gradução no Brasil ou no exterior'', afirmou ele.


 


O presidente afirmou que, em um eventual segundo mandato, vai manter a política de gastos sociais, ''incomodando as pessoas que vocês sabem que nós incomodamos''.


 



Berzoini: FHC é um péssimo cabo eleitoral


 


Ao comentar o conteúdo da carta, divulgada na quinta-feira no site do PSDB, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, afirmou que o ex-presidente está querendo retomar à cena política e tenta influenciar a eleição, mas não consegue por ter um índice de rejeição “elevadíssimo”.


 


“Imagine alguém que governou o país por oito anos ser escondido pelo próprio partido. Tenho compaixão pelo ex-presidente porque as pesquisas mostram que ele não é uma boa companhia em época de eleição. Ele tem uma rejeição elevadíssima e as pesquisas mostram que é um péssimo cabo eleitoral. Ele não está preocupado com a ética, está querendo aparecer. O ex-presidente tem tido uma postura de buscar sempre retomar à cena política a despeito da atitude de seu partido de escondê-lo. E dizer o que ele falou nessa carta é uma tentativa de influenciar as eleições”.


 


Berzoini estranhou o fato de FHC ter reconhecido alguns erros no governo tucano:
“Ele teve, talvez, um surto repentino de humildade, o que não é uma característica do ex-presidente. Uma pessoa que governou por oito anos e passou por diversas denúncias de corrupção como o caso Marka, FonteCidam, privatizou a Telebrás, compra de votos na aprovação da emenda da reeleição. E sempre agiu de forma que a Polícia Federal não pudesse investigar, o Ministério Público engavetasse as denúncias e que não houvesse qualquer conseqüência para a apuração rigorosa dos fatos. Agora ele tenta fazer uma auto-crítica evidentemente tardia”.


 


Henrique Fontana, líder do PT na Câmara, classificou como cínicas as afirmações de FHC. Para Fontana, o ex-presidente não tem moral para condenar o presidente.
“Acho que o ex-presidente deveria primeiro explicar por quê no governo dele as máfias dos vampiros e dos sanguessugas atuaram livremente e nunca foram investigadas. Além disso, quem vendeu a Vale do Rio Doce pelo preço que ele vendeu tem pouca credibilidade para falar qualquer coisa. É um discurso cínico”, afirmou Fontana, dizendo ainda que o partido vê com bons olhos a entrada do ex-presidente na disputa eleitoral, pois avalia que ele puxaria para baixo o índice de intenção de votos em Geraldo Alckmin.


 


Fogo amigo


 



O ex-presidente não escapou nem das críticas de lideranças de seu próprio partido. Irritado com a carta de Fernando Henrique, o senador mineiro Eduardo Azeredo disse nesta sexta-feira que FHC foi 'desleal, inoportuno e injusto' ao dizer que o primeiro erro do PSDB foi 'tentar tapar o sol com a peneira' no caso de caixa dois em sua campanha ao governo de Minas, em 1998.


 



Azeredo disse que a bancada de seu partido soube diferenciar o que era corrupção e o que era arrecadação de campanha, e reclamou de não ter tido o apoio do ex-presidente na ocasião. O tucano disse ainda que não tinha controle sobre a arrecadação de sua campanha.


 



''Tanto os parlamentares da Câmara quanto do Senado me defenderam porque me conhecem e sabem da minha vida. Na época, ele não se posicionou, e nem conversou comigo. Por isso, não dá para vir agora e colocar tudo isso nessa carta e falar de mim. Repito, isso é uma deslealdade partidária. Eu sou tão fundador do partido tanto quanto Fernando Henrique e acho que ele deveria tido consideração antes de divulgar essa carta'', disse.


 


Azeredo foi forçado a deixar a presidência do PSDB, em outubro do ano passado, depois que seu nome foi citado no escândalo do valerioduto.


 


Da redação,
com informações das agências