Ramonet: como está o mundo 5 anos após o 11 de setembro


Fracassos da máquina militar dos EUA, reviravoltas no Oriente Médio, avanço da Ásia, migrações intensas e risco de catástrofe climática. Cinco anos após os atentados de 11 de setembro, multiplicam-se os sinais de que a globalização pode estar sofre


por Ignacio Ramonet,
editor do jornal Le Monde Diplomatique


 


Trágicas labaredas de verão no incêndio permanente do mais antigo conflito planetário, as recentes hostilidades em Gaza e no Líbano testemunham, cada uma à sua maneira, características da nova situação mundial, cinco anos após os atentados do 11 de setembro. Deduzidos a partir deste contexto e a título de esboço cartográfico para ajudar a caminhada nos labirintos da atualidade, eis aqui, em quatro observações gerais e dez breves considerações, alguns modestos elementos de orientação.


 


Primeira observação geral


 


O fenômeno central de nossa época, a globalização econômica, não parece influenciar diretamente os confrontos no Oriente Médio. Nem atiçá-los e tampouco apaziguá-los, o que confirmaria dois postulados: o caráter arcaico desta guerra em que se mesclam, como no século 19, disputas territoriais, tensões oriundas de nacionalismos e fervor religioso; e o equívoco da ideologia liberal de acreditar que o simples aumento do livre comércio gera a paz.


 


Segunda observação geral


 


O fato de o Oriente Médio encontrar-se mais uma vez sob o foco da mídia não deve permitir que se esqueça a importância estratégica da Ásia. É lá que se está desenrolando em grande parte o destino do século 21, devido ao crescimento dos dois gigantes, Índia e China. E tendo em vista que os perigos de conflitos entre a China e Taiwan, Coréia do Norte e Japão, Índia e Paquistão, não são de se menosprezar…


 


Tampouco se deve subestimar a África sub-saariana, onde se acumulam problemas de todos os gêneros (como os da miséria extrema e migração clandestina) que terminarão por explodir diante dos países ricos.


 


 


Terceira observação geral


 



A guerra nuclear torna-se novamente uma das duas maiores ameaças que pesam sobre o mundo (a outra é a catástrofe ecológica). Israel que, durante os recentes combates, penou para impor-se claramente através de meios militares convencionais, possui armamento nuclear. No entanto,não aderiu ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do mesmo modo que dois outros Estados rivais: o Paquistão e a Índia. Não longe deste teatro, três potências nucleares investiram militarmente e fracassaram: os Estados Unidos, o Reino Unido e a Rússia. As duas primeiras no Iraque e no Afeganistão e a terceira na Tchechênia. Além disso, a mais importante aliança militar, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), da qual a França (ela própria uma potência nuclear) faz parte, também combate no Afeganistão.


 


Ainda que os perigos de conflito nuclear existam em outros lugares – península coreana e estreito de Taiwan [1] – na zona que se estende das fronteiras ocidentais da Índia até o Canal de Suez, concentra-se o arsenal mais devastador de todos os tempos. Excetuando a China, todas as grandes potências são militarmente ativas ali. Uma simples faísca pode levar a uma deflagração…


 


Esta é a razão por que a gestão das crises, que se sucederam na região, requer um saber diplomático cuja chave apenas as Nações Unidas possuem. Mas como isso acaba de ser mostrado no Líbano, a ONU, em sua configuração atual, permanece indispensável e ao mesmo tempo terrivelmente impotente diante dos grandes contenciosos (das grandes incertezas) contemporâneos. Quanto à União Européia, escolada pela sua longa história de guerras desastrosas, constituiria o melhor dos mediadores… caso não continuasse a ser um anão político.


 


Quarta observação geral


 



Para compreender as estratégias em prática atualmente, convém distinguir bem os três tabuleiros de xadrez sobre os quais se joga o nosso futuro:


 


o militar, onde dominam os Estados-Nações, condicionados pelo fator territorial e pelos ciclos eleitorais curtos (o que os torna pouco aptos a abordar os problemas planetários e de longo prazo). Aqui a supremacia dos Estados Unidos é total, assim como sua vontade de impor um mundo unipolar;


 


o econômico e comercial, onde funcionam em regime integral as lógicas da globalização definidas pelo Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização Mundial do Comércio (OMC). Onde reinam as empresas privadas e os interesses financeiros em uma multiplicidade de trocas que deixa entrever a perspectiva de um mundo multipolar;


 


o ecológico e social, onde se acumulam problemas em três níveis relativos ao meio ambiente (alteração climática, efeito-estufa, poluição, desmatamento, água potável, biodiversidade); à necessidade de novas regras internacionais (para lutar contra a injustiça da ordem mundial que alimenta as tensões internacionais, para gerenciar as migrações, a utilização de transgênicos, a propriedade intelectual, pesquisas genéticas, evasão fiscal e delinqüências modernas). E também o destino das populações da Terra (África, pandemias, miséria, desigualdades quanto ao acesso à Internet, grandes aglomerações, fome, educação, trabalho, catástrofes naturais), onde predominam pobreza, desordens, perigos e caos.


 


Entre estes três tabuleiros de xadrez as articulações são aleatórias. Freqüentemente evidentes, às vezes inexistentes, e em certos casos, enigmáticas.


 


Além dessas observações gerais, algumas considerações prudentes podem ser tiradas do recente conflito no Oriente Médio.


 


Primeira consideração


 



A nova recrudescência do conflito no Oriente Médio leva a uma confirmação de caráter geopolítico. Esta região de conflito constitui, desde a guerra do Golfo em 1991, o epicentro do atual “pólo de perturbações mundiais”. Desde 1914 e até o fim da Guerra Fria, este foco situava-se na Europa. Agora, engloba uma área geográfica onde o Islã é a religião predominante, e onde se encontra, do Paquistão ao Egito, a maioria dos grandes embates contemporâneos: Caxemira, Afeganistão, Tchechênia, Cáucaso, Curdistão, Iraque, Líbano, Palestina, Somália, Darfur…


 


 


Esta zona também acumula fortes tensões internacionais: conflito entre o Paquistão e a Índia a propósito de Caxemira; ameaças do Irã, suspeito de produzir armas nucleares; pressões da Rússia na região transcaucasiana; temores sobre a relação entre a Turquia e o Curdistão iraquiano; numerosos litígios pelo controle da água doce; ganâncias suscitadas pela existência das principais reservas de petróleo no centro de um vasto triângulo formado pelo Golfo, Irã e Mar Negro.


 


Segunda consideração


 



Se, por um lado é indiscutível que Israel tem o direito de se defender, por outro, a desproporcionalidade dos castigos infligidos aos civis palestinos e libaneses traduz, paradoxalmente, um tipo de impotência maluca. Por uma simples razão que os próprios norte-americanos começam a compreender e que o ex-presidente William Clinton exprime de seguinte maneira: “Não podemos matar todos os nossos inimigos.” [2] Os de Israel na região são muitos.


 


Em uma guerra assimétrica, uma superioridade esmagadora não garante nenhuma vitória. Os Estados Unidos estão vivendo esta amarga experiência. “Temo bastante que o Iraque se torne nosso pior desastre desde a guerra do Vietnã”, declara a ex-ministra das Relações Exteriores dos Estados Unidos Madeleine Albright. [3]


 


Recorrer a um militarismo excessivo e ultrapassado não leva a uma solução política, enquanto a paz – única garantia para a segurança de Israel – não for alcançada. E a paz passa sempre pelas negociações com o inimigo.


 


Terceira consideração


 



A frente midiática parece mais decisiva do que nunca. Mas o contexto de informação se metamorforseou. O intenso bombardeio israelense nas usinas elétricas, centrais telefônicas e estações de televisão (Al-Manar TV particularmente) [4], para tornar o sistema de comunicação do adversário cego, surdo e mudo, revelou-se ineficaz.


 


Os celulares, as câmeras em miniatura e os blogs de combatentes ou de testemunhas oculares permitem uma difusão global quase instantânea de imagens denunciadoras. Por mais intensos que sejam os bombardeios, eles não podem destruir as redes de Internet, concebidas para resistir ao fogo nuclear. Também neste caso os israelenses parecem não ter aprendido a lição das desventuras norte-americanas no Iraque, após a difusão de cenas da prisão Abu Ghraib e de outros testemunhos consternadores; tampouco do declínio da imagem dos Estados Unidos aos olhos da opinião pública mundial. [5]


 


Quarta consideração


 



Nesta região, a democracia que Washington garante querer instaurar em toda parte [6], não constitui absolutamente um escudo contra os ataques de Israel, ele próprio um Estado democrático… Tomado ao pé da letra pelos palestinos, únicos cidadãos árabes do Oriente Médio – juntamente com os libaneses – a terem votado democraticamente, em janeiro de 2006, elegendo o Hamas, o governo Bush fechou os olhos e deixou massacrar os (maus) democratas e prender seus eleitos em Gaza.


 


Adotada para “combater o terrorismo”, a punição infligida à Gaza e ao Líbano produzirá sem dúvida o efeito contrário. “Uma operação que mata cinco insurgentes é contra-produtiva, se os efeitos colaterais levam ao recrutamento de cinqüenta novos rebeldes”, lembra William Paff [7]. Os excessos que acabam por criar o que Mao Tse-tung chamava de “mar onde nadam os combatentes da guerrilha”.


 


Como na Palestina e no Líbano, o islamismo radical está em expansão no “pólo de perturbrações”. Com seus diversos elementos, e apesar de todas as reservas que pode inspirar, ele constitui a principal força política a opor-se às armas e à dominação imperialista dos Estados Unidos. Enquanto ideologia messiânica para o sucesso futuro, pela qual os militantes estão dispostos a sacrificar a própria vida, em parte o islamismo radical toma o lugar do que foram, por exemplo, o anarquismo ou o comunismo no século 19 e 20. Ainda que esta comparação possa chocar…


 


Enquanto a violência política recua em outras regiões [8], no Afeganistão, onde os talibãs estão de volta e as forças da OTAN na defensiva, na Somália, no Iraque, na Palestina e no Líbano, a corrente salafista vai de vento em popa.


 


Quinta consideração


 



O poder das organizações não-estatais não pára de crescer, particularmente as ONGs de caráter humanitário, ecológico, social ou jurídico, às vezes instrumentalizadas, nem sempre desinteressadas. Porém, no seio do pólo de perturbações, pululam especialmente as organizações não-estatais armadas que desempenham um papel determinante nos múltiplos antagonismos. Confirmam este fato a audaciosa ação da facção armada do Hamas em Gaza, em 25 de junho, e a das milícias do Hezbollah no Líbano, que levaram Israel a reagir.


 


Deve-se observar que em alguma parte desta zona se situa o quartel general do “inimigo público número 1” dos Estados Unidos. É a organização islamista armada Al-Quaeda, liderada por Osama Bin Laden, que assumiu a responsabilidade dos atentados de 11 de setembro de 2001. Fato que levou Washington a declarar a atual “guerra infinita contra o terrorismo internacional”.


 


Sexta consideração


 


Os acontecimentos do 11 de setembro nos fizeram, de fato, entrar em uma nova era. O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e seus colaboradores pensaram que o choque coletivo causado pela tragédia lhes daria, enfim, carta branca para colocarem em prática velhos delírios geopolíticos.


 


Lembremo-nos de três delas: reivindicação do papel “de império” dos Estados Unidos na condução de questões internacionais; classificação de toda luta de resistência nacional (como as do Hamas e do Hezbollah) com o terrorismo e prioridade dada à vigilância generalizada dos cidadãos às custas de suas liberdades.


 


Em nome desse corpo doutrinário, a CIA e outros serviços de inteligência autorizaram a “liqüidar” suspeitos ou a seqüestrá-los em qualquer lugar, a fim de levá-los para prisões secretas. Desconsiderando as Convenções de Genebra e fora de qualquer quadro jurídico, a prisão norte-americana de Guantánamo foi criada para encarcerar e maltratar pessoas suspeitas de terem conexões com o Al-Qaeda…


 


Com base em mentiras (na realidade, para colocarem a mão no petróleo), o Iraque, que não estava absolutamente envolvido com os atentados do 11 de setembro e não possuía nenhuma “arma de destruição em massa”, foi invadido. Em um ímpeto wilsoniano, Washington declarou-se pronto para redesenhar o “Grande Oriente Médio” e nada menos.


 


Sabemos o que adveio destas ambições absurdas. Hoje o mundo está mais perigoso. E um novo mega atentado não é pouco provável.


 


A duvidosa máquina militar encontra-se atolada no Iraque, na arapuca de uma guerra assimétrica perdida, reduzida a praticar ou a encobrir, ela também as atrocidades (prisão em massa, massacres, torturas sistemáticas [9]) que dizia ter banido desde o fiasco na guerra do Vietnã [10].


 


O fracasso político é ainda mais assombroso. Graças às intervenções norte-americanas, o Irã, principal inimigo regional dos Estados Unidos, desvencilhou-se de seus adversários limítrofes: o regime dos talibãs no Afeganistão e o de Saddam Hussein no Iraque [11]. E Teerã se arma a partir de agora para se defender. Por outro lado, enquanto Washington fixava sua atenção nesta região, na América Latina, seu próprio quintal, velhos adversários aproveitavam para tomar o poder democraticamente na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, no Chile, no Panamá, na República Dominicana, na Bolívia… Uma maré rosa ou vermelha inédita que, além do mais, veio confortar Cuba e Fidel Castro.


 


Durante estes anos, Bush acreditou poder atribuir os problemas do mundo somente ao terrorismo e tratá-lo exclusivamente com repressão militar. Esmagando princípios, violou direitos de tal maneira que Noam Chomsky chega a falar do “governo mais perigoso da História norte-americana”, e não hesita em qualificar seu país de principal “Estado terrorista” [12] do planeta.


 


Sétima consideração


 



A guerra do Iraque é muito cara. Em 2005, as despesas militares dos Estados Unidos atingiram a soma astronômica de 500 bilhões de dólares [13], o equivalente às despesas militares do resto do mundo. Em conseqüência da globalização, o sistema econômico dos Estados Unidos não repousa mais apenas sobre sua capacidade manufatureira, porém sobre o consumo. Os Estados Unidos funcionam como uma máquina à base de aplicação financeira, importando capital a um ritmo de 700 a 800 bilhões de dólares ao ano. Capital que financia o consumo de bens importados. Este sistema de injeção financeira com capital internacional cria uma situação insustentável. O déficit comercial estadunidense pesa nas finanças internacionais, arriscando provocar uma desvalorização do dólar, um aumento das taxas de juros, uma queda nas bolsas [14] de valores, e uma recessão mundial, sendo um dos principais problemas (invisíveis) atuais.


 


Oitava consideração


 



Estimado em cerca de 700 bilhões de dólares, o déficit norte-americano traz vantagens aos países com mão-de-obra barata. Dentre eles, situa-se em primeiro lugara China [15], mas também outros países emergentes (Índia, Coréia do Sul, Taiwan, Brasil, México) cuja expansão econômica começa a preocupar as grandes potências. Tanto que a cotação das matérias-primas (dentre elas o petróleo) está em alta, para grande benefício da Rússia, Cazaquistão,Venezuela, Chile, Argélia…


 


A concorrência das empresas destes países torna-se mais ameaçadora. Já existem cerca de 25 multinacionais globais nos países do hemisfério Sul e, em breve, haverá uma centena. As ofertas espetaculares de aquisição vão se multiplicar, como a do grupo chinês National Offshore Oil, que foi impedido de comprar a petroleira estadunidense Unocal, ou a fusão da siderúrgica indiana Mittal Steel com a Arcelor européia [16].


 


Conseqüentemente, pode-se apostar que a globalização está se aproximando do final de um ciclo. Com seu dinamismo atual, ela poderia ameaçar o domínio das velhas potências de sempre. Portanto, uma nova onda de protecionismo não deve ser excluída.


 


Nona consideração


 



Os combates entre Israel e o Líbano suscitaram um deslocamento forçado de aproximadamente 1,2 milhão de pessoas (900 mil libaneses e 300 mil israelenses). Estes deslocamentos decorrentes de guerra permanecem pontuais, enquanto as migrações internacionais de mão-de-obra são estruturais e atingem 175 milhões de pessoas. Por conta dos lucros de produção, o crescimento econômico, quando existe, pode criar riquezas, mas não empregos suficientes. Mesmo a China, que se beneficia de taxas de crescimento de mais de 9%, cria cerca de 10 milhões de empregos por ano, ou seja, duas vezes menos que o número de pessoas entrando em seu mercado de trabalho [17].


 


Os outros devem resignar-se à pobreza, ou então emigrar. Só que clandestinamente. Pois, como constata o historiador Eric Hobsbawm, “a economia de mercado favorece a livre circulação de todos os meios de produção, com exceção da mão-de-obra, que continua amplamente sob o controle do Estado” [18]. Grupos de pessoas, freqüentemene jovens e em bom estado de saúde, tentam penetrar nas raras ilhas de prosperidade do planeta, arriscando a própria vida (como vimos em Melilla e estamos vendo nas Ilhas Canárias). Mais de 20 milhões deles conseguiram migrar para os Estados Unidos [19],onde a partir de agora a questão de pessoas em situação ilegal é tratada, como na Europa, em termos de segurança nacional. No entanto, a bomba da imigração ilegal não explodiu ainda. Este grande drama humano vai submeter todas as sociedades desenvolvidas a uma dura prova.


 


Décima consideração


 



Em 14 de julho de 2006, a aviação israelense bombardeou as reservas de óleos de combustão da central elétrica de Jiyê, no sul de Beirute. Cerca de 15 mil toneladas de combustível foram derramadas no mar. No início de agosto, a maré negra atingiu um terço das praias libanesas e o litoral da Síria, ameaçando alcançar o Chipre, a Turquia, Grécia… e Israel [20].


 


Esta catástrofe ecológica, “efeito colateral” das hostilidades, faz lembrar que os problemas ligados ao meio ambiente vão se tornar altamente estratégicos. Na cúpula do G-8 em Gleneagles, em julho de 2005, a luta contra o aquecimento do planeta já era um dos temas centrais. Com alguns graus a mais em média, a Terra não será mais o mesmo planeta. A elevação do nível do mar levará a catástrofes inéditas. Correções drásticas serão necessárias, enquanto se aproxima o momento em que não se poderá mais extrair petróleo (cujo consumo agrava o efeito estufa) suficiente para atender a demanda.


 


Neste sucinto panorama da nova situação mundial, este fatos – alerta quanto às alterações climáticas e o fim da era do petróleo – anunciam-se para a humanidade como dois dos maiores desafios a serem enfrentados.


 


Tradução: Simone Pereira Gonçalves [email protected]


 



[1] Em 15 de julho de 2005, o general chinês Zhu Chenghu, responsável pela Universidade da Defesa Nacional, não excluiu a possibilidade de que a China possa ter um conflito nuclear com os Estados Unidos, se seus interesses relativos a Taiwan forem ameaçados. Cf. Martine Bulard, “A China sacode a ordem mundial”, Le Monde Diplomatique-Brasil, agosto de 2005.


[2] Le Monde, 10 de agosto de 2005.


[3] Newsweek, 24 de julho de 2006.


[4] Canal do Hezbollah xiita libanês.


[5] International Herald Tribune, Paris, 14 de junho de 2006.


[6] Em nome do princípio caro aos neoconservadores, de que as democracias não fazem guerra entre si. Isto supõe que Israel coexistiria pacificamente com uma Palestina democrática. No entanto, Jerusalém acaba de demonstrar o contrário. E os fatos comprovam que Washington aceita as piores “ditaduras amigas” (Egito, Arábia Saudita, Jordânia, Azerbaijão, Paquistão, jamais qualificadas de “bastiões avançados da tirania”, mas que jogam sua população empobrecida, reprimida e cansada da corrupção nos braços de organizações islamistas radicais.


[7] Le Monde, 19 de julho de 2006.


[8] A relação Guerra e Paz no século 19, publicada pelo Human Security Center da Universidade de British Columbia de Vancouver (Canada) observa uma redução do número de conflitos desde o fim da guerra fria. No seio da União Européia, as duas organizações armadas mais violentas, a Força Armada Republicana da Irlanda (IRA) e o Euskadi ta Askatasuna (ETA) basco decidiram abandonar a luta armada. O IRA ordenou a seus militantes, em 28 de julho de 2005, a “deposição das armas” e o ETA anunciou, em 22 de março de 2006, um cessar-fogo permanente.


[9] Um relatório do Human Right Watch estima que “a tortura dos prisioneiros no Iraque era autorizada pelo exército americano”. Le Monde, 25 de julho de 2006.


[10] Los Angeles Times revelou, em 6 de agosto de 2006, que as atrocidades cometidas pelos norte-americanos no Vietnã foram maiores do que se pensava.


[11] Ler Joe Klein, “The Iran factor”, Time, 24 de julho de 2006.


[12] Le Point, Paris, 20 de julho de 2006.


[13] Dedicaram apenas 18 bilhões de dólares ao desenvolvimento, ou seja, 0,16% do PIB!


[14] O simples temor de ver os bancos centrais aumentarem as taxas de juros provocou, em 21 de maio de 2006, uma queda espetacular nas principais bolsas mundiais.


[15] Em 2005, os Estados Unidos venderam produtos por 47,8 bilhões de dólares à China, enquanto importavam deste país por 201,6 bilhões, ou seja, uma vantagem de 153,8 bilhões para Pequim que detém, além disso, 320 bilhões de títulos do Tesouro norte-americano.


[16] Ler Capital, agosto de 2006.


[17] Le Figaro, 20 de junho de 2006.


[18] L’Express, 8 de junho de 2006.


[19] International Herald Tribune, 29 de junho de 2006.


[20] Ler Caroline Pailhe, “Israël, Palestine, Liban: Le chemin le plus long vers la paix”, GRIP, Bruxelas, 8 de agosto de 2006.