Inácio Arruda: “lulismo” representa projeto político que dá certo

O “lulismo”, fenômeno de personificação do presidente Lula, apontado como o principal responsável pela vitória em primeiro turno do presidente Lula nas eleições presidenciais, recebe outra avaliação do deputado Inácio Arruda (PCdoB-CE). Candidato ao Se


 
O deputado comunista reconhece que o presidente Lula ficou muito forte pela política que desenvolveu e enumera os êxitos do governo federal. E que “todos os opositores vão querer se agregar a figura de Lula”, mas ressalta que “o povo tem muita sabedoria e vai saber distinguir e definir o seu voto, sem pensar que todos são os do projeto Lula”.



 
“A solidez de Lula é a compreensão do povo que quer manter esse projeto, o que vai ajudar a eleger forte bancada federal, estaduais e contribuir com eleição de governadores e senadores. Nós, candidatos, temos que ter compreensão da batalha política e não tomar a questão do Lula como fenômeno personificado, mas fenômeno da batalha política”, avalia Inácio.



 
O parlamentar alerta aos candidatos para destacar nas campanhas eleitorais nos estados o projeto político, “das mudanças mais profundas que vamos realizar no Brasil para alcançar os mais necessitados, entendendo o Bolsa-Família como  algo dessa natureza”, afirma.



 
Ele lembra que o próprio presidente Lula explicou o sentido do Bolsa-Família, em entrevista à Rede Globo, quando questionado se não era melhor ensinar a pescar do que dá o peixe. “Mas se ele não se alimentar, não consegue pescar”, disse Lula. Inácio dá sua própria versão da opinião do presidente: “de barriga cheia eu posso caminhar e buscar o meu rumo, esse é o trabalho do presidente”, afirma.



 
Para o parlamentar, a ação do presidente Lula barrou “os conservadores e a direita que, inicialmente,  tentaram desmoralizar a capacidade de um metalúrgico de governar, como essa possibilidade foi ridicularizada, anulada pela atuação do Lula, que conduziu bem o governo, segurou a economia, apesar do desastre de três intervenções do FMI”. 



 
Inácio fala sobre o trabalho de Lula, destacando que “(ele) podia ter dado uma passada mais larga, ter uma política mais ousada, mas o país estava em grandes dificuldades, que traduz o que está acontecendo no Brasil”.



 
Segundo o líder do PCdoB na Câmara, “Lula arrumou o país, recompôs o serviço público, colocou o dedo no “suspiro” na questão da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), impedindo a formação de mercado pró-americana, ficou muito respeitado no mundo inteiro”, diz, enumerando algumas das questões que considera importantes no governo Lula.



 
Para Inácio, a atuação do presidente-operário, que foi bombardeado, no início do mandato, pelos conservadores, como incapaz de governar o Brasil, “exigiu nova ação da direita, que quer copiá-lo ou derrubá-lo”. Ele analisa que “o povo fez leitura importante de tudo isso – de que queriam tirar o governo que tinha sua cara, que governava olhando para os mais simples e mais humildes -; o povo entendeu o embate político e chegando a eleição, esse povo está respondendo à essa ação, dando ao Lula posição muito sólida nas pesquisas e intenções de voto – em todas as regiões”.



 
Diferenças



 
Após várias campanha para cargos no Legislativo, Inácio  avalia a campanha atual para uma vaga no senado, que caracteriza uma campanha majoritária. Segundo ele, “muda completamente”. “A campanha para Câmara Federal permite seccionar mais, dirigir campanha para determinados setores. Na campanha majoritária, você tem que ter uma linguagem para toda sociedade, não pode falar só com um setor, um público”.



 
Segundo ele, outro aspecto que muda, além da linguagem, é a estrutura de campanha. “A gente tem que ter uma forte aliança, e por sorte nós temos, mas essa estrutura partidária tem que entender que a campanha só será exitosa se a aliança funcionar de forma exitosa”, avalia.



 
O parlamentar-candidato destaca que “para o Legislativo, você tem que ter bandeiras e propostas que, numa campanha majoritária tem que alcançar desde os mais carentes com mais dificuldades, até os setores mais privilegiadas, mas são todos igualmente eleitores”, acrescentando que  “eu que sempre fiz campanha urbana, concentrada na capital, Fortaleza, que impactava o Estado, agora tenho que visitar todos os municípios e alguns, mais de uma vez”.



 


De Brasília
Márcia Xavier