Dançarina cubana diz que povo fez e continuará a revolução

O estado de saúde de Fidel Castro afetou a dançarina cubana Alicia Alonso. ''Vivi momentos de preocupação muito grande'', confessa a artista. Mas, em nenhum momento, Alicia se preocupou com o futuro do regime socialista no país. O motivo, diz ela com cons

Lendária dançarina – ''prima ballerina assoluta'' – de Cuba, Alicia Alonso está com 85 anos e praticamente cega. Tem grandes dificuldades para andar também. Apesar da debilidade, viajou para Londres, onde sua companhia, o Balé Nacional de Cuba, se apresenta até domingo (10/9).


 


Ao falar de política, ressalta a emancipação do povo cubano, que ajudou a criar e apóia o socialismo. ''Ele (Fidel) não é uma figura. É um ser humano que criou tudo – mas ao lado de todos nós, que ajudamos''. As últimas imagens do líder cubano agradaram a Alice. ''Vimos fotos na televisão. Fidel está muito bem e anunciou que estará presente na Cúpula dos Não-Alinhados'', lembrou, comentando o último comunicado oficial do líder.


 


''Às vezes a gente acha que alguém não pode ficar doente. Mas todos somos seres humanos. O importante não é ficar doente, e sim sair da doença, se defender e seguir adiante'', afirmou.


 


Temporada
O Balé Nacional de Cuba começa em Londres uma viagem internacional. As próximas etapas serão Egito e Espanha. ''São poucos os países onde a companhia não se apresentou. Mas, quando acabarem os daqui, iremos à Lua'', brincou Alicia, vestida de rosa e com os lábios pintados de um vermelho intenso.


 


A programação inclui novidades, como a Gala Coreográfica Alicia Alonso, e balés clássicos como Giselle, o papel que a lançou à fama, aos 23 anos, e O lago dos cisnes. Mas ''renovados, para se manterem vivos''. Na Espanha, a companhia atuará em Jerez de la Frontera, cidade onde a coreógrafa viveu quando era criança.


 


''Eu fui a Jerez de la Frontera quando tinha 8 anos, com meus pais e meus irmãos, e não voltei mais. Foi onde aprendi a dançar pela primeira vez, danças espanholas. A primeira dança que eu aprendi em minha vida foi a sevilhana, as malaguenhas, a jota. Também tocava castanholas'', lembrou.


 


Alicia Alonso ainda lembra a casa onde vivia e o cheiro de pão fresco de uma padaria próxima. Seu pai era veterinário militar e foi à Espanha para um programa destinado a melhorar a criação de cavalos do Exército cubano. ''Voltamos a Cuba num navio com todos os cavalos'', contou.


 


Após a viagem, recomeça a preparação do Festival de Balé de Havana, de 28 de outubro a 6 de novembro, com duas estréias mundiais por noite. ''De onde tiro as energias para tanto trabalho? Do próprio trabalho. Sem trabalho não há vida e com vida há trabalho'', afirmou.