Governo português depõe em parlamento sobre vôos da CIA

A utilização de aeroportos e do espaço aéreo português pela agência de espionagem americana CIA voltará a ser debatida amanhã em Lisboa, na sede do parlamento, numa reunião com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado.

O parlamento já ouviu, em dezembro de 2005, o ex-ministro da pasta Freitas do Amaral, que alegou na época que não existiam indícios da passagem por Portugal de vôos da CIA para o transporte de supostos terroristas por parte dos Estados Unidos.


 


A mídia portuguesa voltou ao assunto nas últimas semanas, publicando imagens de aviões que estavam supostamente a serviço da CIA, em aeroportos e aeródromos portugueses em datas posteriores à da tomada de posse do atual governo do Partido Socialista.


 


O Parlamento Europeu decidiu criar uma comissão temporária sobre o assunto, presidida pelo eurodeputado português social-democrata Carlos Coelho, com a missão de, no prazo de um ano, apurar responsabilidades de dez países europeus em casos de “seqüestro, afastamento, rapto e detenções ilegais de suspeitos de terrorismo” efetuadas pela CIA na alegada “guerra ao terrorismo” da administração Bush.


 


Em julho, a comissão produziu um relatório que propõe a audição no Parlamento Europeu do ministro dos Negócios Estrangeiros português. No mês seguinte, em agosto, o governo afirmou a sua disposição para “avaliar os termos” do pedido de colaboração dos eurodeputados na investigação dos vôos secretos da CIA, desmentindo notícias que davam conta da intenção do Executivo de recusar prestar informações ao Parlamento Europeu.


 


Sublinhando que Portugal “não é sequer referenciado” no relatório do Parlamento comunitário, o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, afirmou recentemente que o Governo já prestou informação sobre o assunto e que avaliará um eventual novo pedido “nos termos em que for formulado”.


 


O pedido da comissão presidida por Carlos Coelho seguiu ontem para o governo português. Na comissão de Negócios Estrangeiros de amanhã Luís Amado prestará também informações sobre o envio de 140 militares portugueses para o Líbano, no âmbito da Força de Interposição das Nações Unidas no Líbano.