Volks anula 1.800 demissões, e metalúrgicos suspendem greve

O primeiro round da luta entre a Volkswagen do Brasil e os metalúrgicos do ABC terminou com vitória para os trabalhadores. Sob forte pressão, a Volks cancelou a demissão de 1.800 funcionários de sua maior fábrica – a Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP

O acordo foi concretizado nesta segunda-feira (04/9), em reunião entre a montadora e o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC. A categoria fez assembléia na seqüência, concordando com o fim das demissões e da greve. Também não haverá hora extra no feriado de 7 de setembro, Dia da Independência. A expectativa do sindicato é de receber nova proposta da Volks até o próximo dia 12, terça-feira, quando ocorre assembléia. Se a proposta for recusada, os metalúrgicos voltam a paralisar os trabalhos.


 


As manifestações marcadas para quarta-feira, porém, não mais acontecerão, conforme acordo com a montadora. Para José Lopes Feijóo, presidente do sindicato, a greve de seis dias sinalizou a unidade da categoria. Foi também um alerta para que a Volks encaminhe propostas que contemplem suficientemente as reivindicações dos trabalhadores. “Não brinquem conosco”, advertiu Feijóo. “Nós somos bons de briga.” A montadora, sabe-se, não vai abrir mão de seu plano reestruturação – mas sentiu o potencial do sindicato.


 


Alegando necessidade de diminuir custos, a Volks quer cortar 3.600 metalúrgicos da fábrica Anchieta, que emprega pouco mais de 12 mil. Já ameaçou até fechar a unidade caso não chegue a um acordo com os funcionários. Cartas entregues pela montadora notificavam os trabalhadores de que seriam demitidos a partir de novembro, quando se encerra o acordo de estabilidade entre a Volks e os representantes da categoria.


 


Luta antiga
O embate entre os trabalhadores e a empresa vem acontecendo desde maio, quando a Volks anunciou corte nas fábricas de São Bernardo, São José dos Pinhais e Taubaté. Porém, desde a década passada, o sindicato vem lutando contra a lógica da Volks de fechar a fábrica da Anchieta.


 


A entidade iniciou essa ação em 1996, debatendo com os trabalhadores a necessidade de novos investimentos e pressionando a direção da montadora para a vinda de  novos produtos. Dois anos depois, conseguiu acordo para a vinda do Pólo e, em 2001, um novo acordo garantiu o Fox Europa.


 


As negociações foram equilibradas, com garantias às duas partes. A empresa conseguiu a flexibilidade de produção e os trabalhadores mantiveram os postos de trabalho. É essa lógica que deve nortear as negociações para manter a produção na Anchieta.