Na Cidade de Deus, Lula ouve as reivindicações da periferia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu investir em educação, em um ato de campanha realizado este sábado na Cidade de Deus, no Rio de Janeiro (RJ). Representantes da comunidade, de movimentos sociais e artistas da favela carioca se sucederam no p

“Chega de polícia nas favelas” e “basta de desemprego”, gritou a cantora Lecy Brandão, que pediu mais oportunidades para os jovens brasileiros. Essa também foi a reivindicação do rapper MV Bill, nascido na Cidade de Deus e autor do documentário “Falcão – Meninos do Tráfico”, sobre a participação de crianças e adolescentes no narcotráfico. O rapper pediu mais possibilidades de expressão, que permitam aos jovens ganharem um espaço na sociedade e fugir da marginalidade.


 


O presidente reconheceu que há uma grande dívida com os jovens brasileiros, que “demorará muito anos para ser paga”, mas prometeu que esta será uma das preocupações de seu segundo mandato. Lula, que lidera com ampla margem a corrida presidencial, afirmou que o Brasil “desperdiçou muitas oportunidades” no século 20 e “tem que recuperar o tempo perdido”.


 


“A transformação do Brasil passa pela educação”, afirmou o presidente, diante de uma platéia composta majoritariamente por jovens e adolescentes. “Além de exportar soja e suco de laranja, o Brasil tem que exportar conhecimento, que é o que dá riqueza a um povo”, afirmou.


 


O presidente lembrou que ele foi o único de oito irmãos que aprendeu uma profissão e, graças a isso, foi o primeiro a ter casa própria, uma televisão, um automóvel e a ganhar um salário mínimo. Lula disse que seu governo não considera os gastos com educação como “despesas”, mas como “investimentos para o futuro”.


 


“Mais de esquerda”


A visita de Lula à Cidade de Deus rompeu a rotina da favela, que surgiu na década de 1960 como um projeto social de habitação para acolher 25 mil moradores, e onde hoje vivem mais de 65 mil pessoas. Algumas delas foram ao ato convencidos de que Lula será eleito para um segundo mandato – e com o desejo de que adote “uma política mais de esquerda”.


 


Um morador da favela, Paulo Antonio de Santos, afirmou que votaria nele, porque “o candidato de São Paulo só quer ajudar os ricos”, em referência ao candidato Geraldo Alckmin, o principal rival de Lula nas eleições à Presidência. O presidente foi acompanhado por vários membros do Governo, dentre os quais ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim; a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o ministro da Cultura, Gilberto Gil.


 


Alguns dos participantes ofereceram ao presidente pequenos presentes, como um quadro pintado por grafiteiros da favela, e aproveitaram para tirar fotografias com ele. A maioria do público, no entanto, teve que se contentar em vê-lo de longe. A polícia montou um amplo esquema de segurança em torno da escola, mas não conseguiu evitar um pequeno tumulto na saída da comitiva.