Chávez prepara Venezuela para transição socialista

São profundas as promessas do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, para um eventual novo mandato. Favorito nas primeiras pesquisas para as eleições, marcadas para dezembro, e com altos índices de popularidade, Chávez divulgou sete linhas estratégicas

As linhas estratégicas são: 1) nova ética socialista; 2) modelo produtivo socialista, economia socialista; 3) democracia protagônica revolucionária; 4) o poder do povo como máximo poder; 5) nova geopolítica nacional (nas cidades, no campo, desenvolvimento ferrocarril, desenvolvimento industrial); 6) nova geopolítica internacional e mundo pluripolar; e 7) a Venezuela como potência energética mundial.


 


A nova ética, segundo Chávez, é indispensável. “Sem moral socialista não há revolução socialista. Devemos realçar os valores do ser humano, aprofundando os autênticos valores revolucionários. Deixar de lado as ambições materialistas da riqueza – e, como dizia Bolívar, só sermos úteis.”. O líder sul-americano conclamou a cidadania a ser “grande mas não grandes latifundiários, nem grandes corruptos nem novos ricos. Sejamos grandes revolucionários e grandes patriotas.”


 


Nas palavras do presidente-candidato, o poder popular deve ser “a suprema felicidade social. Em seguida, na distribuição do desenvolvimento endógeno do país, uma nova geopolítica nacional, o desenvolvimento desconcentrado, o desenvolvimento das cidades e do campo, os planos ferroviários, o desenvolvimento interno do país”.


 


Após referir-se aos seus adversários políticos da campanha eleitoral em curso, conclamou as dezenas de milhares de manifestantes que o receberam após seu giro internacional de 17 dias a não deixar-se “invadir pelo perigoso sentimento de triunfalismo”. Foi além: convocou seus eleitores a “trabalhar intensamente nos comandos da campanha, nos batalhões da campanha, nos pelotões da campanha e nas esquadras da campanha a fim de infligir-lhes um derrota por nocaute no próximo dia 3 de dezembro. “Doze anos depois, e aí estará a revolução bolivariana que chegou para ficar e para não ir-se dessa terra nunca mais”.


 


Um futuro sob a lei
Chávez também prometeu que, se ganhar as próximas eleições, convocará um referendo em 2010 para validar seu mandato. Com isso, tentaria eliminar os limites fixados pela Constituição à reeleição presidencial. Em 2000, o líder bolivariano promoveu uma reforma da Carta Magna aprovando a possibilidade de reeleição por dois períodos consecutivos.


 


Chávez chegou nesta sexta-feira (01/9) de uma viagem em que firmou acordos com China, Malásia, Síria e Angola. São países que prometeram seus votos à candidatura do quinto maior exportador de petróleo do mundo por um assento não-permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.


 


Vestido com sua habitual camisa vermelha, o líder formulou as duas perguntas que, no caso de ganhar as eleições de 3 de dezembro, seriam submetidas a consulta popular em 2010. “Você está de acordo com que Hugo Chávez continue sendo presidente da Venezuela? Sim ou não, o povo responderá”, disse ele ante milhares de simpatizantes, que gritaram em coro: “sim.”


 


“Segunda pergunta: Se sua resposta anterior é positiva, está você de acordo com que Hugo Chávez volte a se reeleger para o próximo mandato? Sim ou não”, acrescentou, obtendo um outro “sim” de seus militantes. O governante explicou que, então, promoveria uma nova reforma constitucional para que deixem de existir limites ao número de vezes que um presidente possa ser reeleito.


 


“Se a maioria diz que sim, então teria que modificar a Constituição, com a aprovação do povo, para que a reeleição na Venezuela seja indefinida”, afirmou Chávez. Segundo ele, “nesta ocasião, ninguém precisará recolher assinaturas”. Em 2004, Chávez se saiu vitorioso num referendo revogatório ativado por milhões de assinaturas recolhidas por seus adversários, que posteriormente acusaram o governo de ter manipulado a votação. Contudo, os observadores internacionais foram unânimes em aceitar o resultado.