Nota da CSC manifesta solidariedade aos metalúrgicos do ABC

Em nota divulgada nesta sexta-feira (01/9), a CSC prestou solidariedade aos trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo do Campo. Só nesta fábrica, a montadora demitiu 1.800 metalúrgicos. Leia a íntegra da nota.

Solidariedade classista com os metalúrgicos do ABC


 


A Corrente Sindical Classista (CSC-CUT) entende que a luta dos companheiros e companheiras da Volkswagem de São Bernardo do Campo em defesa do emprego e de conquistas trabalhistas demanda e merece o apoio ativo e a irrestrita solidariedade do conjunto da classe trabalhadora brasileira. O espetáculo deprimente patrocinado por esta multinacional alemã, que acaba de anunciar a demissão de 1,3 mil trabalhadores (as) e ameaça fechar a histórica fábrica do ABC, revela a perversidade fria, globalizada e francamente anti-social do capitalismo neoliberal. 


 


Como um vampiro que sobrevive à custa do sangue alheio, o capital se alimenta do trabalho operário, retira seu lucro dos valores criados pela força de trabalho no processo de produção e assim se reproduz, cresce e se multiplica. Porém, a empresa capitalista, os capitalistas que colhem os dividendos da produção sem dela participar diretamente e o sistema capitalista não se preocupam com a vida dos operários e o destino de suas famílias. É com impiedosa indiferença que, de uma hora para outra, despejam milhares de pais de famílias no olho da rua ou na rua da amargura, deixando de saber (como diria Noel Rosa) se esses vão morrer de sede ou se vão morrer de fome. Basta que se julgue, segundo os critérios da concorrência e do soberano mercado, que esses assalariados já não são muito lucrativos e, como é o caso, que chegou a hora de aumentar o grau de exploração, exigindo redução dos salários, alongamento da jornada e flexibilização de direitos.


 


Esta prepotência capitalista é apresentada como uma lei natural e inelutável da vida moderna, que se deveria aceitar com resignação e passividade. Embora seja o verdadeiro produtor da riqueza, da mercadoria e do lucro capitalista, o trabalhador não tem voz sobre a propriedade da empresa, concentrada nas mãos de um grupo capitalista. Transforma-se, com isto, em mais uma mercadoria, um objeto destituído de humanidade e vontade própria, com a função exclusiva de gerar lucro. No caso de uma transnacional como a Volkswagem, a alienação do assalariado em relação à propriedade e à produção é fortalecida pelo fato de que as decisões sobre o destino da empresa são definidas pela matriz, na Alemanha, bem longe do cenário onde transcorre o drama social e a luta daqueles que, neste momento, estão sendo condenados ao desemprego.


 


A classe operária não pode aceitar a lógica cruel e anti-social que o capital quer impor, com argumentos cínicos e mentirosos, que alegam ''crise'' num momento em que a economia é francamente favorável ao setor. A montadora alemã teve um lucro de 859 milhões de reais no segundo trimestre deste ano e registrou em maio uma produção recorde de 245 mil veículos. São números que não respaldam uma conduta que configura imensa insensibilidade e irresponsabilidade social. Através do BNDES, o governo Lula suspendeu a concessão de um empréstimo à multinacional, condicionando a liberação do dinheiro à negociação de uma solução do impasse. Revela, assim, sua solidariedade com os operários.


 


A Corrente Sindical Classista manifesta sua total solidariedade aos metalúrgicos do ABC e conclama as demais categorias de trabalhadores a manifestar, em todo o Brasil, o apoio ativo e irrestrito à greve em curso na fábrica de São Bernardo do Campo. A batalha dos metalúrgicos não está isolada, é parte da luta mais geral da classe trabalhadora brasileira por respeito e dignidade, contra o desemprego e por um novo projeto nacional de desenvolvimento que deve ter por fundamentos a soberania e a valorização do trabalho, onde o emprego deve ser um direito mais relevante que a propriedade privada. Tudo isto passa, neste momento, pela reeleição do presidente Lula. Ao mesmo tempo, é preciso consolidar na luta a mais ampla unidade da categoria metalúrgica e do conjunto da classe trabalhadora no Brasil e também em escala internacional, globalizando a luta contra o capital para melhor defender os interesses da classe operária. Neste sentido, a CSC conclama o movimento sindical a mobilizar suas bases para as manifestações de solidariedade aos operários demitidos e ameaçados de demissão que deverão ser realizadas no próximo dia 6 de setembro diante das concessionárias da Volks em várias localidades do país.
 


São Paulo, 01 de Setembro de 2006


 


Executiva Nacional da CSC