México: Oposição tentará impedir discurso de Fox à nação

Legisladores do Partido da Revolução Democrática (PRD), de Manuel López Obrador, querem impedir Fox de fazer seu discurso anual ao Congresso.Além das alegações de que as contagens de votos das eleições de 2 de julho foram fraudadas, os deputados acusam Fox de ter ajudado de maneira ilegal a campanha do conservador Felipe Calderón e de ter corroborado seus ataques contra Obrador, que chamou de “perigo para o México”.

Deputados do PRD deverão interromper o discurso de Fox ou impedi-lo de subir ao palanque. “O presidente não poderá fazer seu discurso. Vai ser a primeira vez na história”, disse Manuel Camacho Solis, assessor de Obrador.

Calderón, que segundo o Instituto Federal Eleitoral (IFE) ganhou a eleição com 244 mil votos de vantagem entre 41 milhões de votos, deverá ser nomeado presidente eleito, pois a corte eleitoral rejeitou, na semana passada, as alegações de fraude apresentadas por Obrador e recusou fazer uma recontagem completa, conforme o candidato exigia.

O Congresso está cercado por barricadas antitumulto, depois dos conflitos entre a polícia e esquerdistas neste mês. Deverá haver forte presença da polícia de choque.

Manifestação
López Obrador disse para seus simpatizantes reunirem-se na praça do Zócalo três horas antes do discurso, marcado para as 19h (21h de Brasília), mas não disse se haverá uma marcha na direção do Congresso, a quilômetros de distância.

Deputados do Partido da Ação Nacional (PAN), de Fox, prometeram tentar evitar que os progressistas  impeçam o discurso. Com a tensão política em alta, pode haver confusão no plenário. “O presidente insultou nosso movimento e é claro que o nosso movimento vai responder”, disse o presidente do PRD, Leonel Cota.

Autoridades do governo sugeriram que o presidente pode nem mesmo tentar falar se o clima continuar tenso, e em vez disso entregar uma cópia escrita do seu discurso ao Congresso.

Com 52 senadores e 206 deputados, o PAN tem o maior bloco único do Congresso e espera aliar-se ao Partido Revolucionário Institucional (PRI), que já comandou o país, para aprovar reformas econômicas.