Governo reage a ataques de Alckmin e Heloísa sobre PIB
O principais adversários de Luiz Inácio Lula da Silva na corrida para o Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin (PSDB) e Heloísa Helena (PSOL), criticaram nesta quinta-feira o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no segundo trimestre, divulgado hoje
Publicado 31/08/2006 21:44
Tanto Alckmin quanto Heloisa Helena optaram pelos argumentos fáceis e panfletários para criticar o índice.
A candidata do PSOL disse que o resultado foi “pífio” e culpou a política econômica do governo do petista, que, segundo ele, sabota o desenvolvimento econômico do país.
“Infelizmente é um crescimento pífio, é o retrato da escolha da política econômica feita pelo governo”, disse a candidata durante caminhada por Guarulhos (Grande São Paulo).
Alckmin, por sua vez, lembrou que “os países da América Latina, que estão aqui do lado, crescem mais de 6% ao ano”.
“O que estamos vendo é que no projeto Lula não há crescimento”, criticou o tucano, que fez campanha em Cuiabá (MT).
Outro membro da cúpula tucana, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves, que é candidato à reeleição, também criticou o resultado do PIB.
“Infelizmente, hoje nós temos uma política econômica tímida, que fez com que o Brasil crescesse na América do Sul apenas mais que o Equador. É um dado absolutamente lastimável, e ainda vejo quem comemore esses dados. Vi ontem, inclusive, o presidente numa entrevista dizendo que não se devia fazer comparações com outros países em desenvolvimento ou mesmo com países vizinhos, mas comparações com nós mesmos. É um equívoco, um equívoco de visão, é primário”, disse.
O candidato do PSL à Presidência, Luciano Bivar, defendeu que é preciso fazer uma reforma no Estado para acelerar o crescimento. “O Brasil está preso a uma situação de crescimento inferior à média dos países em desenvolvimento. Esse ciclo só vai ser interrompido com uma reforma profunda no Estado”.
A economia brasileira registrou uma expansão de 0,5% no segundo trimestre em relação aos três primeiros meses deste ano. O resultado, considerado fraco por alguns e previsível para outros, foi puxado pela indústria. No ano primeiro trimestre, o PIB teve avanço de 1,4%.
Dulci: jogo democrático
O ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência) disse que as críticas fazem parte do jogo democrático. “É natural a oposição criticar. Faz parte do seu papel, da democracia.”
No entanto, segundo ele, as críticas da oposição não mudam os índices de aprovação do governo Lula. “Mas não parece que [as críticas] está encontrando respaldo na população, pois pessoas estão consumindo mais, os salários aumentaram e os preços de itens de primeira necessidade caíram e economia popular vai bem.”
Dulci aproveitou para criticar a política econômica da gestão Fernando Henrique Cardoso. “Para um país que saiu de uma situação em 2002 de gravíssima crise econômica e financeira, é sempre importante lembrar que Argentina quebrou e que o Brasil quase quebrou. Era necessário primeiro recuperar a estabilidade, criar condições para crescimento sustentado.”
Segundo ele, o governo Lula conseguirá atingir a meta de crescer 4% neste ano. “Temos certeza que vamos crescer 4%. A meta pode ser cumprida sim. O último trimestre do ano sempre é mais forte por causa das vendas do comércio. Isso acontece [aquecimento] e podemos chegar aos 4%. A economia cresceu porque o governo criou condições. O país está crescendo de modo consistente. O mercado interno continua se expandindo, o que é muito bom.”, disse.
Tarso: sem sobressaltos
Já o ministro de Relações Institucionais, Tarso Genro, disse que a evolução lenta do PIB no último trimestre não provocou sobressalto no governo e não afetará a meta de crescimento neste ano.
“Segundo informações fundamentadas pelo ministro Guido Mantega (Fazenda), esta pequena queda na previsão do PIB é totalmente sazonal e será recuperada nos próximos dois trimestres, e não impede a meta de crescimento de 4% para este ano”, disse Tarso.
Segundo Tarso, a queda na taxa de juros, combinada com o crescimento dos empregos na construção civil de 6,1% no último semestre, dá credibilidade para o cenário de crescimento com sustentabilidade.
Mantega: julho já aponta recuperação
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, considerou sazonal o desaquecimento do PIB e disse que dados preliminares indicam retomada do crescimento já a partir de julho.
“A economia está crescendo a 4 por cento e evidentemente existe sazonalidade”, disse Mantega nesta quinta-feira a jornalistas após reunião com o candidato do PT ao governo de Minas Gerais, Nilmário Miranda.
“Nosso crescimento não é contínuo e igual. Cada trimestre tem comportamento distinto. Todo mundo esperava desaquecimento no segundo trimestre, o que de fato houve por razões conhecidas.”
Segundo ele, a Copa do Mundo, a greve dos fiscais da Receita Federal, operações de manutenção em plataformas da Petrobras e a queda das exportações afetaram negativamente, mas de forma pontual, a evolução do PIB de abril a junho.
“Agora já estamos numa trajetória de crescimento a partir de julho, porque subiu a venda de automóveis e de papelão ondulado. O consumo de energia também cresceu”, afirmou Mantega.
“Estamos crescendo de forma robusta. O mercado interno está sólido e estão sendo ampliados a massa salarial e o nível de emprego.”
Mantega disse que o corte de 0,50 ponto percentual na taxa básica de juros, definido na véspera, não terá efeitos imediatos sobre a atividade econômica, mas poderá se refletir positivamente entre seis e oito meses.
O ministro refutou as afirmações de que o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha reduzido a taxa básica em patamar mais forte do que o esperado pelo mercado por motivação política.
“A gente deveria se surpreender se (a Selic) não caísse porque a cada mês a previsão de inflação para 2006 é menor, dando uma folga para a queda das taxas de juros”, disse.
Mantega sugeriu que a redução do juro deve continuar nos próximos meses. “A previsão da inflação para 2006 começou em 4,5 por cento, foi para 4 por cento, 3,8 por cento e está em 3,5 por cento. Daqui a pouco vai para 3 por cento. Há espaço para a queda da taxa Selic.”
Da redação,
com informações das agências