Governo paulista quer intimidar sindicatos, diz Fajardo

Confira o artigo Quando lutar é crime, de autoria do  metroviários e sindicalista Wagner Fajardo. No texto, o autor acusa o governo paulista de querer intimidar os movimentos sociais, haja vista as recentes pressões contra o Sindicato dos Me

Quando lutar é crime


 


Por Wagner Fajardo*


 


Mais uma vez as elites conservadoras do governo PSDB/PFL de São Paulo tratam a luta dos trabalhadores como caso de polícia e entram com queixa crime contra os diretores do Sindicato dos Metroviários de São Paulo no Ministério Público Federal.


 


No início do século passado, a luta dos trabalhadores brasileiros, através dos seus sindicatos, foi tratada como caso de polícia, e lideranças sindicais foram presas, deportadas e até assassinadas pelos governos reacionários e representantes do capital.


 


Durante todo o século 20 foram poucos os momentos em que o Brasil pôde respirar democracia, que os trabalhadores puderam realizar seus movimentos e pressionar as elites em torno de suas bandeiras e reivindicações.


 


As lutas que impulsionaram o fim da ditadura militar, a partir do final dos anos 70 e início dos anos 80, possibilitaram um grande ascenso na organização dos trabalhadores brasileiros e a categoria metroviária se constituiu e se organizou exatamente neste período. Há 25 anos atrás, nos meses de julho e agosto, os metroviários conquistaram a carta sindical no Rio de Janeiro e São Paulo e construíram seus Sindicatos.


 


O princípio da luta geral dos trabalhadores se deu em 1983, quando o Sindicato dos Metroviários de São Paulo participou da primeira greve geral contra a ditadura militar – mais especificamente contra um decreto que arrochava ainda mais os salários. Por isso seu Sindicato e de outras categorias sofreram intervenção do Ministério do Trabalho e os dirigentes tiveram seus direitos políticos cassados, sendo anistiados só com o fim da ditadura, em 1985.


 


Na década de 90, mesmo com a pressão neoliberal, os metroviários participaram ativamente das lutas pelo impeachment de Collor (em São Paulo o Metrô parou durante toda a manhã do dia da votação no Congresso Nacional), fazendo denúncias e protestos contra as privatizações. Sofreram derrotas, principalmente no Rio de Janeiro, com a privatização e perda de direitos, mas conseguiram manter suas entidades com a marca da luta, mesmo nos recem criados sindicatos de Belo Horizonte e Brasilia.


 


Em 2002, no primeiro congresso nacional da categoria, os metroviários se colocaram à frente da luta pelo fim do modelo neoliberal em nosso país e aprovaram o apoio da sua recém-fundada Federação Nacional à eleição de Luiz Inácio Lula da Silva – um governo que, principalmente em função de sua política econômica, se mostrou contraditório, mas teve a marca da democracia para os trabalhadores.


 


Os movimentos sociais, antes perseguidos e criminalizados pelo governo de FHC, passaram a poder lutar democraticamente por seus direitos. Mas infelizmente este movimento ainda se não se disseminou pelo país. Na maioria dos estados prevaleceram os governos alinhados com a política anterior.


 


Em São Paulo, Brasília e Ceará, onde o transporte metroferroviário está ligado aos governos estaduais ou a empresas privadas, Alckmin, Roriz e José Reinaldo não pouparam esforços para liquidar as conquistas dos trabalhadores e privatizar os serviços, direta ou indiretamente.


 


No apagar das luzes da gestão tucana de 12 anos, mais uma vez a dupla PSDB/PFL põe suas garras para fora e busca criminalizar a justa greve dos metroviários paulistas contra a privatização. Não admitem a ousadia da categoria em questionar a implementação de sua política neoliberal e, segundo o jornal o Estado de São Paulo, “a Cia. do Metrô enviará representação ao Ministério Público Federal pedindo que a diretoria do Sindicato seja processada criminalmente pela greve…” Como na ditadura, os tucanos querem “cassar” a diretoria do Sindicato.


 


É essa gente que quer voltar a governar o país. É essa gente que não admite a luta dos trabalhadores em defesa do patrimônio público. Toda a fúria se multiplica pelos meios de comunicação, principalmente pelo fato do Sindicato ter conduzido uma luta que denuncia o que Alckmin e seus aliados querem fazer com o Brasil: continuar a implementação do modelo de privatizações e entrega do patrimônio público para os especuladores internacionais.


 


Por isso, e por muito mais, os trabalhadores tem o dever de derrotar esta política, na luta e nas eleições. Não à privatização da linha 4 do metrô paulista! Não ao PSDB E PFL!


 


* Wagner Fajardo é presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), secretário sindical do PCdoB-SP e membro da Coordenação Nacional da CSC