BNDES irá liberar recursos se Volks mantiver fábrica no ABC

 


O Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou nesta segunda-feira que o governo só deverá liberar os recursos à Volkswagen caso a montadora se comprometa a não fechar três das cinco fábricas operantes no País, entre elas a de São Bernard

A liberação dos R$ 497 milhões também está condicionada a um acordo entre as duas partes, que diminua ao máximo o número de demissões. “Tivemos uma conversa para podermos mostrar a necessidade de concluir o processo de negociações, com um acordo que seja bom para as duas partes e bom, principalmente para o Brasil”, afirmou o ministro.


 


Já o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Demian Fiocca, evitou dizer que o investimento à montadora estava temporariamente suspenso. Ele afirmou, no entanto, que a conversa de hoje serviu para um acompanhamento da situação da empresa e que assim que a Volkswagen fornecer informações adicionais sobre a sua situação, o empréstimo poderá ser retomado.


 


O presidente do BNDES também disse que durante o encontro, representantes da montadora afirmaram que a empresa está na fase final para fechar acordos. “Temos a necessidade de uma reavilação (do empréstimo). A Volks depende ainda da finalização de acordos com os sindicatos”, afirmou Demian.


 


O ministro do Trabalho e o presidente do BNDES, além da ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, se reuniram durante cerca de duas horas na tarde desta segunda-feira com representantes da Volkswagen para discutir o plano de demissão de 3,6 mil dos cerca de 12 mil funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, na região do Grande ABC.


 


A empresa havia dado prazo até sexta-feira da semana passada para um acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC sobre os cortes, o que não ocorreu. Dessa forma, a montadora informou que pretende continuar com os planos de reestruturação.


 


O governo pretendia com o encontro buscar uma solução para a crise que levou o fabricante de automóveis a ameaçar fechar sua maior fábrica no Brasil.


 


A montadora anunciou na semana passada que, se os sindicatos não aceitarem o plano de reestruturação apresentado em maio, que prevê a demissão de cerca de 5.773 operários dos 22 mil que tem em todo o Brasil, poderá fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, em São Paulo.


 


A empresa argumenta que sua competitividade foi prejudicada pela forte valorização do real frente ao dólar, que prejudicou suas exportações, e pelo aumento de custos em geral, por isso considera que a eliminação de empregos é “inevitável”.


 


Os trabalhadores rejeitaram o plano de reestruturação, apesar de o fabricante de automóveis ter advertido que, nesse caso, fechará sua fábrica em São Bernardo do Campo, demitirá 6,1 mil dos cerca de 12 mil funcionários da mesma e realocará os restantes.


 


O ministro do Trabalho atribuiu, na semana passada, os atuais problemas da empresa, que vem perdendo mercado no País, a erros administrativos que levaram a companhia a uma “situação dramática”.


 


Segundo os funcionários da fabricante, a empresa errou ao insistir em lançar modelos que não tiveram sucesso no mercado, e agora querem que os funcionários paguem por esses erros. Marinho disse esperar que a ameaça de fechamento da fábrica em São Bernardo do Campo não passe de uma forma de “chantagem” para pressionar as negociações.


 


Fonte: Invertia