Centenas de prefeitos da oposição declaram apoio a Lula

Mais de 200 prefeitos de PSDB, PFL, PPS e PDT, de oposição ao governo federal, já declararam apoio à candidatura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à reeleição.

A campanha “Municípios com Lula pelo Brasil” reuniu até o momento 700 prefeitos de 13 partidos a favor da reeleição do presidente. Até 20 de setembro, quando os números finais serão anunciados, a coligação de Lula pretende ter conseguido a adesão de 1.500 prefeitos, dos quais pelo menos 450 (30%) ligados aos partidos que apóiam o seu principal adversário, o tucano Geraldo Alckmin.


 


O impacto de programas como o Bolsa Família nos municípios mais pobres e, segundo a oposição, a liderança de Lula nas pesquisas são apontados como principais motivos para a onda de apoios. Segundo pesquisa Datafolha publicada no dia 23 passado, quase a metade dos eleitores do PFL (49%) diz que votará em Lula, contra 19% que apóiam o tucano Geraldo Alckmin. Isso explicaria também a adesão de prefeitos do PFL da Bahia, terra do senador Antonio Carlos Magalhães, à candidatura petista. Em evento no início do mês, os prefeitos pefelistas de Camamú, Campo Formoso, Andorinha e Vera Cruz anunciaram apoio a Lula.


 


Demonstrando bastante irritação, o presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), tentou desdenhar as defecções: “Esses prefeitos não fazem falta ao PFL. Se alguém mais quiser sair, a porta está aberta”, resmungou Bornhausen.


 


A onda de adesões não poupa também o PSDB, partido de Alckmin. Na última quinta-feira o prefeito de Iguatu, quarto maior colégio eleitoral do Ceará, Agenor Neto, anunciou sua desfiliação do PSDB para apoiar Lula. Nos próximos dias ele vai divulgar uma carta pedindo apoio a Lula e ao candidato tucano ao governo, Lúcio Alcântara.


 


O prefeito tucano de Tianguá (CE), Luiz Menezes, já aderiu. “Não posso pôr os prefeitos num curral. Agenor é um líder emergente do Ceará”, diz o presidente estadual do PSDB, Raimundo Viana.


 


Segundo ele, o presidente da União dos Vereadores do Ceará, Deusimar Filho, o Nozinho, vereador em Caucaia, anunciou sexta-feira a criação de uma frente pró-Lula no Estado.


 


Coordenador da campanha de Lúcio Alcântara e desafeto do presidente nacional do PSDB, Tasso Jereissati, Viana diz que nada fará para impedir as adesões a Lula. “Isso não é papel do PSDB, é função da Justiça Eleitoral”, diz.


 


Em Sergipe, a presidente estadual do PSDB, Maria Mendonça, também se desfiliou para apoiar Lula. Ela é prefeita de Itabaiana, a segunda maior cidade do estado.


 


Alckmin: “Isso é fofoca”


 


Alckmin não tem o que dizer da debandada dos prefeitos filiados tucanos para a campanha de Lula. Ao responder um comentário sobre o fato de Lúcio Alcântara usar a imagem de Lula em seu programa na TV, ele apenas classificou o ato com: “Isso é fofoca”.


 


Para o presidente nacional do PT e coordenador da campanha, Ricardo Berzoini, o principal motivo da onda de apoios a Lula não é a liderança nas pesquisas, mas a forma como o presidente tratou os prefeitos. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, enumera uma série de ações do governo que ajudaram Lula a ganhar a confiança dos prefeitos, como a criação do Ministério das Cidades e a aprovação de nova lei do ISS que aumenta a receita dos municípios.


 


O principal articulador da adesão dos prefeitos de outros partidos à candidatura de Lula é Luiz Dulci, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, um dos responsáveis pela adesão a Lula de prefeitos do interior de Minas Gerais (seu estado natal), ligados ao governador tucano Aécio Neves. Os prefeitos petistas e o vice-presidente, José Alencar, também rodam o país em busca de novas adesões.


 


Por outro lado, a onda de adesões permite o nascimento de “criaturas” eleitorais como as “chapas” Lu-Lu (Lula e Lúcio Alcântara, no Ceará). Já em Minas, em Montes Claros e Varginha), Lula recebeu o apoio de quase 200 prefeitos. “Dos 60 que estavam em Varginha, 90% apóiam Aécio”, diz o mineiro Romênio Pereira, secretário nacional de Organização do PT.


 


Na região mineira abrangida pela Sudene, que inclui o Vale do Jequitinhonha, alvo preferencial do Bolsa Família, o petista conta com o apoio de 87 prefeitos, a maioria de partidos de oposição a Lula.