Greve de professores vira revolta social no México

Uma greve de professores no estado de Oaxaca, sul do México, transformou-se na mais violenta revolta popular do país desde o levante liderado pelo Subcomandante Marcos em 1994 em Chiapas.

Professores, sindicalistas, camponeses e um pequeno grupo guerrilheiro, a Frente Revolucionária Popular, criaram a Assembléia Popular do Povo de Oaxaca e ocuparam os principais prédios públicos da capital do estado, também chamada Oaxaca. O movimento exige a renúncia do governador e mais recursos para a região.



O conflito só comprova a tensão social do país, que ainda discute quem venceu a eleição presidencial de 2 de julho. As forças de esquerda apontaram inúmeras fraudes no processo eleitoral e exigem a recontagem total dos votos.



Mais de 70 mil professores entraram em greve em maio, mês de tradicionais paralisações anuais por conta da renegociação salarial. Só que o governador não concedeu nenhum aumento e ordenou uma violenta repressão para desalojá-los da praça principal de Oaxaca.



Em junho, mais de mil policiais atacaram os grevistas acampados com gás lacrimogêneo. No último mês, os manifestantes ocuparam dez estações de rádio da cidade, além da sede do governo e da Assembléia Legislativa. Governador e deputados usam sedes provisórias.



O Estado é bastião do Partido Revolucionário Institucional (PRI), que governou o México de forma autoritária por 71 anos. O governador é um caudilho que também teve sua vitória em 2 de julho contestada.



Os dois candidatos que ainda disputam a vitória na eleição presidencial, o conservador Felipe Calderón e o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, aproveitam o conflito.



Calderón fala da violência e da manipulação dos movimentos sociais pela esquerda, enquanto López Obrador aponta a insensibilidade do governo e a repressão aos professores.



Até agora, o presidente Vicente Fox se negou a intervir, dizendo que se tratava de um problema “local”. Agora, uma inevitável intervenção pode gerar mais violência.