PC da China instala comitê de trabalhadores em Wal-Mart

A Wal-Mart, a cadeia americana de varejo popular, permitiu que seja criado um comitê de trabalhadores da loja filiados ao Partido Comunista da China, mas nas outras partes do mundo onde está instalada, empresa resiste com ferocidade às pressões sindicais.

No início deste mês, comitês do Partido Comunista e da Liga da Juventude Comunista e um sindicato estabeleceram-se em um outlet da Wal-Mart na cidade industrial de Shenyang, no nordeste do país, informou ontem uma representante do departamento de comunicações da loja, confirmando as informações dos meios de comunicação chineses.


 


A Wal-Mart Inc., conhecida mundialmente pela alta exploração e pelos abusos que comete contra seus trabalhadores, vem combatendo as tentativas de constituir sindicatos em suas operações em outras partes do mundo. Mas, nas últimas semanas, aceitou a pressão exercida pela federação trabalhista da China, permitindo a atuação de sindicatos em suas lojas no país, onde tem 30 mil funcionários.


 


A mídia não revelou de que forma o comitê do partido vai trabalhar ou se poderá instalar um escritório na loja de Shenyang. Na sede da Wal-Mart em Bentonville, Arkansas, a porta-voz da divisão internacional, Beth Keck, disse que a instalação do comitê ''constitui uma rotina''.


 


''Nós entendemos que os membros do partido e o partido organizam rotineiramente seus comitês nas lojas da China e respeitamos seu direito de fazê-lo'', disse Keck.


 


Ao ser indagada, ela não quis comentar se o comitê do partido estaria relacionado à recente implantação de sindicatos oficiais chineses nas lojas da Wal-Mart, ou o que o comitê estaria fazendo realmente em Shenyang.


 


Vários telefonemas para o departamento de relações públicas da sede da Wal-Mart na China, na cidade de Shenzhen, sul do país, não haviam sido respondidos ontem à tarde.


 


A Federação Sindical Chinesa, sob o comando do presidente Hu Jintao, faz campanha há vários anos para estabelecer sindicatos nas filiais da Wal-Mart, bem como em outras companhias de capital estrangeiro.


 


A Wal-Mart, que tem 60 lojas em 30 cidades chinesas, resistiu por dois anos até que os funcionários na cidade de Quanzhou, no sudeste do país, aprovaram em votação a implantação de um sindicato, no final de julho, ameaçando até entrar em greve caso a resposta da empresa fosse negativa.


 


Segundo revelou a mídia internacional, a loja de Shenyang tem dois membros do partido e 16 membros da Liga da Juventude Comunista entre seus 389 empregados, segundo a agência de notícias Xinhua. O comitê do partido e o da liga da juventude ''estimulará os seus membros a atuar de maneira exemplar no cumprimento de suas obrigações e isto será útil para o crescimento dos negócios'', disse Chen Lie, chefe de distrito do Partido Comunista em Shenyang, segundo a agência.


 


Desde julho, os empregados de pelo menos outras 16 lojas da Wal-Mart na China também instalaram sindicatos. Ao todo, a China pretende sindicalizar os funcionários de 60% de suas companhias estrangeiras, até o final do ano.