Metalúrgicos tentam acordo para evitar 3.600 cortes na Volks

Representantes da Volkswagen do Brasil e do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC paulista devem tentar chegar a um acordo até sexta-feira (25/8). A pauta do encontro será a intenção da montadora de reestruturar a fábrica Anchieta. Trata-se do maior e mais an

Em comunicado divulgado na segunda-feira (21), a Volks afirma que vê como “necessário” o estabelecimento de um acordo que reduza em aproximadamente 3.600 o número de funcionários da fábrica nos próximos anos. No total, a Volks de São Bernardo tem cerca de 12 mil trabalhadores diretos.


 


Para a montadora, o acordo também deverá contemplar a diminuição de benefícios dos funcionários que permanecerem trabalhando, como redução salarial e aumento no plano médico. “A Volkswagen está sendo absolutamente clara e transparente ao indicar as graves conseqüências que ocorrerão caso não haja um acordo trabalhista”, diz Josef-Fidelis Senn, vice-presidente de Recursos Humanos da Volks do Brasil, no texto divulgado.


 


“Desta vez, a questão está concentrada na existência ou não de futuro para a maior operação industrial da Volkswagen no Brasil”, prossegue a nota. A Volkswagen do Brasil teve faturamento líquido de R$ 16,1 bilhões em 2005. Presente no país desde 1953, possui cinco fábricas: Anchieta – São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP), São José dos Pinhais (PR) e Resende (RJ).


 


O que diz o sindicato
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC não aceitou o ultimato da Volkswagen do Brasil, conforme assembléia realizada na terça-feira (22). A decisão veio em resposta à ameaça da empresa de fechar a sua planta mais antiga no país, se os trabalhadores não aceitassem o plano de demissões que incluía 3,6 mil funcionários e a redução de direitos trabalhistas daqueles que permanecessem na fábrica.


 


Segundo o sindicato, os trabalhadores decidiram iniciar negociação com a Volks, desde que a entidade não abra mão dos direitos adquiridos nem aceite demissões. “Sabemos que, ao longo dos anos, a fábrica cometeu uma série de erros administrativos e investiu em carros que não deram certo no mercado”, afirma o presidente do sindicato, José Lopez Feijóo, em nota divulgada pela assessoria de imprensa da entidade.


 


A Volks Anchieta, de acordo com o texto, quer agora “chamar o trabalhador para pagar a conta pelos erros da própria empresa. Quero manter esta fábrica aberta, mas não à custa do corte de direitos do trabalhador”. O sindicato planeja negociações com a Volks até esta sexta-feira, mas não aceita as condições colocadas pela empresa. “Se o trabalhador tiver que cair, que caia de pé. Não vamos aceitar a perda de direitos”, afirma Feijóo.


 


No sábado (26), haverá uma plenária para a apresentação dos resultados dessas negociações. Já na próxima terça (28), está prevista uma outra assembléia do sindicato na fábrica da Volks, que se posicionará de acordo com a aceitação ou não das negociações e propostas dos trabalhadores por parte da empresa. Caso a Volks não as aceite, um novo calendário será estabelecido para as ações do sindicato.


 


Luta é antiga
O embate entre os trabalhadores e a empresa vem acontecendo desde maio, quando a Volks anunciou corte de 6 mil trabalhadores até 2008 nas fábricas de São Bernardo, São José dos Pinhais e Taubaté, como parte do seu plano de reestruturação.


 


Porém, desde a década passada, o sindicato vem lutando contra a lógica da Volks de fechar a fábrica da Anchieta. A entidade iniciou essa ação em 1996, debatendo com os trabalhadores a necessidade de novos investimentos e pressionando a direção da montadora para a vinda de  novos produtos.


 


Em 1998, conseguiu acordo para a vinda do Polo e, em 2001, um novo acordo garantiu o Fox Europa. Os acordos foram equilibrados, com garantias às duas partes. A empresa conseguiu a flexibilidade de produção e os trabalhadores mantiveram os postos de trabalho. É essa lógica que deve nortear as negociações para manter a produção na Anchieta.


 


Da Redação, com agências
e Tribuna Metalúrgica